Cidades rebeldes, efervescentes e educadoras: em Caxias do Sul/RS, quanto de passado existe em nosso presente?
Visualizar/ Abrir
Data
2021-02-23Autor
Comarú, Itamar Ferretto
Orientador
Luchese, Terciane Ângela
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Ao problematizar um documento da década de 1950 em que se se faziam perceber determinadas ações de xenofobia e racismo desenvolvidas por algumas barbearias de Caxias de Sul, um outro ponto seria percebido: haveria, ali, uma aparente rede de restrições que limitaria tanto o fluxo quanto o acesso a determinados espaços da cidade contemporânea. Em comum entre as tensões pretéritas e contemporâneas ter-se-ia a similaridade dos sujeitos submissos às intolerâncias, opressões ou humilhações e os seus locais de origem. Valendo-me do paradigma indiciário e dos pressupostos teóricos da história cultural, o estudo percebe, por meio da análise da historicidade local e de seus espaços de memória, a possibilidade de se tensionar uma instigante força social e pedagógica contra as conflitantes generalizações, exclusões e apagamentos sociais ali percebidos. A cidade é memória, história e vida. Ela é, acima de tudo, dinamismo, movimento e representação humana, seja ela coletiva ou individual. Logo, também pode apresentar as mais diversas estruturas de opressão e invisibilidade, por vezes sedimentadas tanto em seus espaços educativos quanto de apresentação/representação de memórias ou de fluxos em constante transformação. A historicidade que apresento ao longo de meu estudo tensiona a memória tradicional ao passo que percebe o potencial educativo das cidades como elo para a educação contemporânea; uma educação que se aventure pela urbe, disposta a iluminar as zonas de sombra em que se acondicionam as exclusões sociais e ampliar o volume das polifonias que, por vezes, não são vistas ou ouvidas; uma educação perturbadora perante o estabelecido social, desafiadora das desigualdades. Assim, considero que minha tese surge indissociável da historicidade que compõe o espaço, objeto de reflexão perante as ações e decisões humanas ali desenvolvidas, com reflexos contundentes tanto na relação entre seus cidadãos quanto com os produtos ou espaços culturais de representação decorrentes de tais decisões. Assim, ao considerar os processos históricos de formação e transformação da cidade de Caxias do Sul, o fluxo humano e as sociabilidades existentes, o uso democrático da cidade e de seus equipamentos culturais e, por fim, os próprios desafios sociais e pedagógicos observados tanto no cotidiano urbano quanto no campo escolar da cidade, considero que o objetivo geral da minha tese é contribuir para um maior entendimento da cidade como possibilidade educadora, potencializando as relações entre os campos pedagógico, histórico, social e cultural da cidade de Caxias do Sul/RS, com suas efervescentes continuidades e/ou rupturas. A tese que orienta minha pesquisa é a de que a historicidade ali percebida desvela uma impactante rede de ações e representações deseducadoras perante determinados grupos sociais, especialmente àqueles identificados como periféricos, por vezes destacados como detentores de um capital social, político ou simbólico inferior frente às representações sociais dominantes. Logo, tais ações evidenciam uma importante fragilidade enquanto Cidade Educadora, que se vê inserida em um complexo contexto de impotência sobre determinados campos sociais e espaços culturais da sociedade. Considero que refletir sobre tais historicidades e suas decorrências possibilita pensar a cidade em meio a tensões educacionais desviantes ao campo tradicional, o que a configura como educadora em uma potência elevada frente à problematização histórica e contemporânea, pois tais exclusões e invisibilidades que tencionam a diversidade social, cultural e étnica ali existente fazem-se perceber desde os primórdios da colonização do espaço até o tempo presente [resumo fornecido pelo autor].