Efeitos da nicotina na lesão medular traumática: uma análise ex vivo
Abstract
A nicotina é um fármaco psicoativo, que traz efeitos deletérios ao organismo, no entanto, pouco se sabe sobre seus efeitos no tecido medular. O trauma raquimedular (TRM) é uma patologia resultante de lesões na medula espinhal que provocam alterações temporárias ou permanentes na sensibilidade, função motora e autonômica. Diversas modificações celulares e bioquímicas ocorrem após a lesão, o que pode conduzir a danos neurológicos irreversíveis, repercutindo na vida do paciente. A nicotina tem sido relacionada com o aumento de necrose tecidual, resultante da vasoconstrição e diminuição da perfusão local, entretando, alguns estudos têm demostrado efeitos neuroprotetores desta substância. A fim de compreender essa relação, investigamos o efeito da nicotina no tecido medular após evento traumático, através do modelo ex-vivo de cultivo tridimensional de tecido medular de ratos Wistar. As placas de cultivo foram incubadas por 3 dias, posteriormente, foram realizados os protocolos de indução de nicotina (10 mM por 3 dias - aguda) e TRM (compressão por impacto de uma altura de
25mm e peso de 0.5 gramas no centro do corte do tecido medular), totalizando 14 dias de experimento. Foram coletadas amostras do sobrenadante da cultura, 24h, 72h, 5, 8, 10 e 14 dias para análise de LDH, ao final do experimento foram realizados ensaios de MTT, morfologia nuclear por DAPI e Live/dead cells. Os tecidos que foram expostos à nicotina e que
sofreram TRM, tiveram uma viabilidade celular menor e demostraram níveis mais elevados de LDH, quando comparado aos demais grupos. Visto que o TRM é uma condição extremamente limitante e a nicotina uma substância potencialmente vasoativa, foi possível avaliar seus efeitos no tecido medular e verificar que ambos dificultaram a recuperação tecidual. Este estudo tem implicações importantes e instiga a elucidação do mecanismo da nicotina no TRM [resumo fornecido pelo autor].