Vinculação segura : pesquisa de campo para a prevenção do suicídio
Abstract
O suicídio é um fenômeno que perpassa a história da humanidade, tendo recebido diferentes interpretações e abordagens ao longo dos séculos e de acordo com cada cultura. Atualmente é compreendido como uma questão de saúde pública, porém o suicídio ainda carrega mitos e estigmas sociais que complexificam sua prevenção. Este estudo se propôs investigar se a vinculação segura pode ser uma possibilidade para contribuir com a prevenção ao suicídio e analisar relações entre o tipo de vinculação estabelecido com figuras parentais. Trata-se de um estudo exploratório, por meio de uma pesquisa de campo, associando as abordagens quantitativa e qualitativa. Participaram desta investigação cinco jovens adultos com histórico de, no mínimo, uma tentativa de suicídio ao longo da vida. A coleta de dados foi realizada num único encontro individual com cada participante, do qual todos foram convidados a responder ao questionário Parental Bonding Instrument (PBI) para investigar sua percepção sobre a qualidade dos vínculos afetivos com figuras parentais, e uma entrevista semiestruturada desenvolvida pela pesquisadora, a fim de investigar especificidades relativas a(s) tentativa(s) de suicídio. O PBI foi avaliado por meio do software estatístico IBM® SPSS® Statistics versão 21. Já a entrevista semiestruturada foi submetida à Análise de Conteúdo Temática, de Minayo. Os resultados obtidos pelo PBI indicam o quadrante controle sem afeto (baixo cuidado e alta superproteção) como representação quase unânime das figuras parentais, com exceção apenas de uma figura parental que foi pontuada dentro do quadrante parentalidade negligente (baixo cuidado e baixa superproteção). Nenhuma das figuras parentais foi percebida no quadrante correspondente como parentalidade ótima (alto cuidado e baixa superproteção). Tal análise complementa os resultados encontrados na entrevista semiestruturada que sugerem vínculos frágeis com figuras de apego, por meio da identificação de temas como: limitações de recursos para o enfrentamento de circunstâncias difíceis de vida, dificuldades no relacionamento familiar, visão pessimista sobre si, insuficiente registro interno de segurança e a percepção (não a experiência real) otimista sobre a presença de uma figura de segurança. Desse modo, ambos os resultados corroboram a suposição de que o apego seguro, por meio de proteção psicossocial, pode ser considerado uma possibilidade de contribuição à prevenção do suicídio. [resumo fornecido pelo autor]