Moral e religião em Freud
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Data
2016-11-24Autor
Krindges, Sandra Maria
Orientador
Nodari, Paulo César
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Partindo-se da ideia em torno do lugar e da importância da religião na vida humana, como também da existência de uma crise ética na atualidade, a dissertação de Mestrado em Filosofia, Moral e Religião em Freud, estuda a crítica freudiana à religião e a proposta moral em Freud. Toma-se em conta que as transformações ocorridas no campo religioso na pós-modernidade, no seio de instituições tradicionais como a família e a religião, e o declínio da função simbólica da representação paterna de autoridade, são aspectos de significativa influência no cenário atual, quando modelos tradicionais e verticalizados migram para formatos horizontalizados no estabelecimento das relações, dos vínculos e na transmissão de valores. E a partir da proposta moral na psicanálise freudiana, busca-se analisar e estabelecer relações com o comportamento religioso na atualidade e suas possíveis implicações com a crise ética vigente, de valores de referência e de sentido. Em um primeiro momento, na análise dos principais textos freudianos que tratam do tema da religião, a saber: Atos obsessivos e práticas religiosas (1907); Totem e Tabu (1913); Moisés e o Monoteísmo (1939); O futuro de uma ilusão (1927) e O Mal-Estar na Civilização (1930) sublinha-se aspectos que sinalizam sua proposta moral e crítica à religião. No segundo momento, com base nos textos referenciados, aprofundam-se conceitos da moral freudiana, relacionando-os a alguns dos pressupostos da psicologia moral, tais como o desejo, a culpa e os sentimentos de obrigatoriedade como motivadores da ação moral. Em torno de tais pressupostos, analisa-se o modo como está posta a questão paterna na moral freudiana e, a partir dela, a ética na psicanálise, bem como algumas de suas contribuições para a leitura da crise ética na atualidade. No terceiro momento desta proposta de estudos, adentra-se no tema da religião, seu papel na dimensão humana e em algumas configurações do cenário religioso da atualidade. Neste campo do fenômeno religioso, o trânsito religioso revela-se, em algumas de suas nuanças, como um comportamento sintomático, decorrente do declínio da religião, como tradicionalmente herdada, bem como relacionado com a crise ética referida. A moral em Freud e a ética na psicanálise são vistas, portanto, como contribuições relevantes na compreensão do cenário atual, de culturas flutuantes que instigam a baixa tolerância à frustração. Nessa perspectiva de análise, observa-se que o mercado religioso, por sua vez, ao mesmo tempo em que se apresenta como a possibilidade do livre exercício religioso, configura-se, também, como um recurso externo ao sujeito, que nem sempre o instiga ao autoconhecimento e a uma maior e melhor consciência de seus valores morais e religiosos.