Jabuticaba (Plinia trunciflora (O. Berg) Kausel) : composição química, atividade antioxidante in vitro e redução do etresse oxidativo/nitrosativo via modulação da função mitocondrial em cultura de fibroblastos humanos (MRC-5)
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Data
2015-02-12Autor
Calloni, Caroline
Orientador
Salvador, Mirian
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Mostrar registro completoResumo
A jabuticaba (Plinia sp.), uma fruta nativa do Brasil, tem despertado grande interesse científico devido ao seu conteúdo de fitonutrientes e seus benefícios a saúde, sendo considerada um alimento funcional. Estudos demonstraram que a jabuticaba é rica em compostos fenólicos, principalmente antocianinas e flavonóis. Esses compostos vêm sendo relacionados à redução da incidência de doenças que apresentam o estresse oxidativo e nitrosativo em sua fisiopatologia, como doenças cardiovasculares, diabetes e o câncer. Recentemente, estudos têm demonstrado que a disfunção mitocondrial está presente como um fator determinante no desenvolvimento e progressão do estresse oxidativo e nitrosativo e que compostos fenólicos teriam a capacidade de regular essa disfunção. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a composição de macronutrientes, o conteúdo de compostos fenólicos totais e antocianinas da casca e da polpa de jabuticaba (P. trunciflora). Paralelamente, determinou-se a composição química do extrato de casca de jabuticaba (ECJ), através de espectrometria de massas, e a sua atividade antioxidante in vitro através dos ensaios de DPPH• e ABTS•+. Além disso, avaliou-se a capacidade do ECJ em reduzir o estresse oxidativo/nitrosativo e modular a função mitocondrial, a qual foi determinada através da atividade do complexo I da cadeia de transporte de elétrons e da biossíntese de ATP, na linhagem celular de fibroblastos de pulmão humano (MRC-5) tratados com H2O2. Os resultados demonstraram que o principal macronutriente presente tanto na casca quanto na polpa da jabuticaba são carboidratos. A casca apresentou maior conteúdo de fibras totais em relação à polpa. Além disso, os compostos fenólicos apresentaram-se em maior quantidade na casca da jabuticaba, sendo que a maior parte destes compostos encontrados na casca são antocianinas. A análise de espectrometria de massas do ECJ permitiu a identificação de cianidina-3-O-glicosideo, canferol, ácido hexadecanóico e ácido octadecanóico. O ECJ apresentou atividade antioxidante in vitro nos dois ensaios utilizados. Nas células MRC-5 o ECJ foi capaz de evitar significativamente a diminuição da atividade do complexo I da cadeia de transporte de elétrons e atenuou a diminuição na biossíntese de ATP induzida pelo H2O2. Concomitantemente, o ECJ foi capaz de minimizar o aumento da peroxidação lipídica, os níveis de óxido nítrico e a perda da viabilidade induzida pelo H2O2 nas células MRC-5. Estes dados mostram, pela primeira vez, a capacidade do ECJ em reduzir danos oxidativos/nitrosativos via modulação da função mitocondrial em células de mamíferos. Além disso, esses achados representam um avanço em relação ao entendimento dos mecanismos de ação dos compostos fenólicos e colaboram como uma alternativa para o desenvolvimento de possíveis tratamentos de doenças que apresentam a disfunção mitocondrial e o estresse oxidativo/nitrosativo em sua fisiopatologia.