Ecos e ressonâncias de movimentos cartográficos em cotidianos profissionais: a etnomatemática inspirando práticas educativas para o ensino da matemática
Fecha
2022-07-09Autor
Pissetti, Schayla Letyelle Costa
Orientador
Soares, Eliana Maria do Sacramento
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Esta tese foi desenvolvida partindo do pressuposto de que o conhecimento matemático precisa "surgir" no processo de ensino e aprendizagem, não apenas na sua dimensão formal, mas em termos de competências e condutas por elas requeridas. Para tanto, tomamos a etnomatemática e conceitos de aprendizagem, pelo viés cultural, como saberes inspiradores para mapear a atuação de sujeitos que utilizam esse conhecimento em seu cotidiano. Ubiratan D'Ambrosio cunhou o termo "etnomatemática" para descrever esse tipo de matemática desenvolvida de forma empírica e experimental. Sendo assim, Paulo Freire (2007) e Ubiratan D'Ambrosio (2020) são as principais vozes que nos acompanham nesta pesquisa. Cientes de que o processo de construção do conhecimento pode acontecer para além dos muros da escola, resolvemos observar três sujeitos que utilizam conceitos matemáticos em suas profissões, sem que tenham, de fato, estudado para isso em um contexto escolar. Desse modo, escolhemos a perspectiva da cartografia como delineamento metodológico, para acompanhar e mapear os fazeres e as narrativas de dois profissionais da indústria madeireira e uma costureira, buscando compreender como desenvolveram seus saberes matemáticos no desenvolvimento de suas profissões. Consideramos que esse delineamento tem potencial para captar a dinamicidade do processo em estudo, de maneira flexível e, ainda assim, alicerçada por um embasamento científico. Nossa intenção foi buscar inspirações para a prática da matemática escolar, com base na matemática cultural desenvolvida pelos profissionais acompanhados, ou seja, buscamos compreender como o saber da etnomatemática pode inspirar, fornecendo pistas e possibilidades para o ensino escolar da matemática. A partir das narrativas e dos fazeres acompanhados, percebemos acerca da importância da contextualização dos conceitos, de forma que os alunos possam compreender as ideias relacionadas à matemática, vivenciando-as em suas realidades. Também visualizamos a importância da manutenção da comunicação fluída entre o professor e o aluno, com ênfase em um diálogo colaborativo, em que as ideias se constroem através das trocas mútuas de conhecimento. Abordamos as ideias da alfabetização e da enculturação científica, propostas que partem da valorização das experiências culturais de cada sujeito, propiciando que entendam sobre a dinamicidade do mundo e do seu entorno, para que, assim, possam interferir e colaborar com as dinâmicas sociais. Salientamos, ainda, acerca da importância da autonomia e do protagonismo discente nos processos de aprendizagem, em uma perspectiva emancipatória, de modo a possibilitar que os estudantes se sintam parte dos movimentos que compõem a escola e estejam, de fato, implicados nos processos deaprendizagem. Essas ideias culminam em uma proposta baseada na pedagogia etnomatemática, ou uma matemática etnopedagógica, inspirada pelos ambientes não formais de ensino, relacionada às práticas cotidianas e à solução de problemas inerentes ao ser humano. Essas ideias propõem o desvelamento de novos métodos e modelos criados pelo homem cultural, com o intuito de promover esses saberes e legitimá-los como um conhecimento culturalmente e socialmente construído, buscando elementos socioculturais vigentes no contexto a ser explorado, com o intuito de atribuir significado ao processo de ensino-aprendizagem. Acreditamos que não basta que reconheçamos os saberes prévios e o contexto de nossos alunos. Não basta que identifiquemos a etnomatemática presente no cotidiano de uma comunidade. É preciso usá-la como inspiração, como um elemento tão presente em sala de aula quanto a própria metodologia a a ser utilizada, como um elo entre o que já sabem e o conhecimento que irão construir. [resumo fornecido pelo autor]