Aritmética na imigração italiana: docentes, práticas e saberes, do final do século XIX ao início do XX

Visualizar/ Abrir
Data
2025-10-01Autor
Bertholdo, Delma Tânia
Orientador
Luchese, Terciane Ângela
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A presente tese foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Caxias do Sul na linha de História e Filosofia da Educação e tem como objetivo geral investigar o ensino de aritmética entre imigrantes e descendentes italianos, partindo da formação docente na Itália (as políticas públicas, as contribuições da imprensa pedagógica e das conferências pedagógicas anuais) em correlação com as práticas escolares no contexto gaúcho, bem como as práticas culturais, que envolvem algum conhecimento matemático, por parte desses imigrantes. No movimento imigratório entre Itália e Brasil, especificamente a região do Rio Grande do Sul, a partir do final do século XIX houve, também, a movimentação de professores, que transportaram saberes aritméticos ensinados nas escolas italianas para as práticas culturais dos imigrantes. Este trabalho pretendeu, a partir da História Cultural e História da Educação, com as contribuições da transnacionalidade de saberes, compreender a formação pedagógica em aritmética dos professores primários italianos e como essas práticas se manifestaram nas escolas primárias italianas subsidiadas pelo governo italiano na Região Colonial do Rio Grande do Sul nas últimas décadas do século XIX e no início do XX. As principais contribuições teóricas foram advindas de Certeau (2014), Chartier (2002) e Ginzburg (2007). Para essa análise, foram mobilizados diversos documentos históricos como as questões de aritmética dos exames de licença para professores italianos, os relatórios escolares, quanto ao que se ensinava de aritmética nas escolas da Itália, os conteúdos de aritmética, presentes em alguns periódicos educativos italianos, e a abordagem das questões aritméticas nas conferências pedagógicas. Em um segundo momento, foram analisados relatórios consulares do Rio Grande do Sul quanto aos métodos de ensino dos professores e o que se trabalhava em aritmética nas escolas coloniais. A transnacionalidade da prática pedagógica do campicello foi observada nas escolas italianas da Itália e do Rio Grande do Sul. Para além da escola, foram observadas práticas culturais, que envolviam adaptações e apropriações de saberes aritméticos, tais como a construção de objetos agrícolas para medidas e de barris de vinho com auxílio de compassos artesanais, o jogo da tômbola e a confecção do artesanato em palha, chamado dressa. No conjunto desses indícios e de fontes documentais, concluiu-se que a aritmética, ensinada e praticada nas escolas italianas no Rio Grande do Sul, estava relacionada com aquela da Itália, configurando uma prática transnacional entre os dois países, que se adaptou à realidade das comunidades e se baseou, sobretudo, no cálculo mental e na memorização. Então, defende-se a tese de que a aritmética aprendida no Rio Grande do Sul seja legado daquela da Itália e que esses saberes foram adaptados ao novo contexto social e geográfico, constituindo-se uma prática transnacional que contribuiu para a formação e o desenvolvimento da RCI/RS. [resumo fornecido pelo autor]