Escolarização da criança psicótica : registros do cotidiano
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Data
2018-09-11Autor
Martinotto, Cara Brustolin
Orientador
Bisol, Cláudia Alquati
Metadata
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Esta pesquisa teve por objetivo investigar, a partir de recortes do cotidiano, a escolarização da criança psicótica, procurando pensar sobre o que pode impulsionála na direção do conhecimento e do laço social. Utilizou-se de autores da psicanálise que seguem o pensamento de Freud e Lacan. Nesta pesquisa, entende-se a psicose na infância sob a perspectiva de autores como Bernardino (2000), que a considera como estrutura não decidida. Na introdução, buscou-se situar a importância da questão da psicose infantil no contexto da educação na perspectiva da inclusão, enfatizando as dificuldades do professor ao deparar-se com uma criança psicótica. No segundo capítulo, foi trabalhado o conceito de psicose, destacando suas particularidades e propondo breve discussão acerca do diagnóstico da psicose infantil na psiquiatria e na psicanálise. Ainda neste capítulo, procurou-se discutir acerca do conhecimento na psicose, perpassando pelo conceito de Lacan (1987) acerca do conhecimento paranoico e pela proposta de Kupfer (2000) sobre as ilhas de inteligência. Na última parte, buscou-se compreender a psicose infantil e a questão do laço social, trazendo para discussão a dificuldade desses sujeitos em inserir-se no laço social. Para esta dissertação, utilizou-se do método de pesquisa psicanalítica, tendo como objeto de investigação a escuta dos significantes que circulam no contexto escolar, propondo a realização de um ensaio metapsicológico construído a partir da articulação entre a teoria e a escuta realizada ao longo de quatro anos de experiência na escola. Para a construção do ensaio metapsicológico foram feitos recortes de algumas cenas escolares que permitiram identificar significantes que circulam em torno do laço social e do conhecimento. No tocante ao laço social, foi possível escutar alguns significantes em torno dos alunos nomeados como “estranhos”, mas que, por sua vez, buscam formas de participar do social que a escola oferece. Nesse sentido, foi possível ancorar a discussão com a investigação do (un)heimlich, de Freud (1919/1996). Identificaram-se, também, significantes que apontam para o conhecimento na psicose. Nessa direção, alguns resultados permitiram pensar em ilhas de inteligência e possibilidades de aprender, mesmo que de uma forma diferente, na medida em que o sujeito pode reconstruir em si o conhecimento do outro. Foi possível, ainda, refletir acerca da transferência e do lugar ocupado pelo professor como forma de proporcionar o conhecimento e o laço social. Por fim, considerou-se o lugar da escola e do professor mediante essas crianças, pensando nas possibilidades e limites na inclusão destes sujeitos