Bauhaus, uma história de pedagogias perdidas?
Date
2020-11-13Author
Reimann, Daniel Eduardo
Orientador
Rela, Eliana
Metadata
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O presente estudo está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Caxias do Sul. Estudo de cunho
bibliográfico, tem como objetivo compreender o sentido pedagógico adotado para o Curso Preliminar da Escola Bauhaus, o qual operou
de 1919 a 1932, deixando marcas pela sua forte influência, mesmo tendo passado mais de 100 anos. Pela forma, reconhecem-se
com facilidade os seus produtos, como uma marca, mas antes de tudo, é adequado lembrar que ela foi uma escola, e os seus conceitos, métodos e pedagogias adotadas não são reconhecidos na mesma dimensão dos seus produtos de design. Com base nisso,
cabe perguntar: a sua abordagem conceitual geral e sua pedagogia ainda fazem sentido hoje? Será mesmo uma história de pedagogias
perdidas? Assim sendo, esta dissertação investiga percursos na compreensão da estrutura conceitual em sua fase inicial, no seu
curso de formação preliminar, o Vorlehre, que marcaram os seus caminhos de inovação. Para a compreensão de sentido do objeto
pedagógico que é foco deste estudo, a aproximação do tema se faz por uma incursão histórica no período da história alemã, que antecede a criação da escola, o período crítico do Pós-Primeira Grande Guerra, no âmbito político, econômico e social, culminando com a criação da República de Weimar no mesmo ano de constituição da escola. Se incursiona na história da escola com os seus períodos,
suas localizações, seus altos e baixos, e pressões políticas que sofreu e que culminaram com o seu fechamento definitivo após
dois encerramentos já terem acontecido no seu percurso. Desse modo, são abordados os aspectos conceituais que sustentaram os seus dois mais importantes manifestos, a pedagogia inicial do curso, bem como o seu curso de formação preliminar, o Vorlehre, que apresenta no seu programa caminhos que possibilitam os aspectos de rompimento com o pensamento clássico e a possibilidade de compreensão do que seria o homem moderno, intitulado de o Homem Total, segundo Gropius. O primeiro diretor da Escola Bauhaus, conceituador inicial e mais hábil gestor de conflitos que a escola teve, Walter Gropius; bem como o construtor do curso preliminar, inovador, experimental e polêmico, Johannes Itten, formam os personagens principais investigados neste estudo. Eles encerram dois papéis que foram fundamentais para a escola, uma gestão de sucesso das diferenças, aliada ao conceito de inovação pautado na profunda percepção humanista. A pedagogia de Itten representa aqui o professor que incursiona na abordagem mais investigativa
de metodologia da compreensão do ser antes do fazer. Tecendo amarras possíveis com o nosso fazer são apresentadas conexões com autores do pensamento contemporâneo, na busca de compreensão desse projeto de pensamento moderno que permanece como
promessa que não se completa, como por exemplo: (a) onde fica o nosso medo de ser e a vontade de desaparecer e não se identificar que nos acompanha ao longo do processo histórico e que nos impede de avançar para processos construtivos que nos jogam para caminhos destrutivos?; (b) as utopias e distopias em conflito de ontem são muitas das mesmas que assistimos se repetirem hoje; e (c) onde podem residir as possibilidades de contato com o Ser hoje, e onde se apresentam brechas de saída para o futuro? Conceitos que se apresentaram na Bauhaus a um século e ainda podem ser atuais hoje. Vivemos hoje um mundo complexo em que precisamos abrir todas as possibilidades de investigação para os caminhos do conhecimento. O pensamento aberto e sistêmico nunca foi tão urgente.
Temos urgência neste agir, como o tiveram na época da escola em foco. Como produtos desta pesquisa para além da abordagem
dissertativa, desenvolvi dois trabalhos no ambiente acadêmico com aspectos do conhecimento da Bauhaus: um deles de apresentação
ao universo discente da história e conceitos da escola; e outro aos docentes envolvendo práticas de aproximação e percepção de seus
afetos, experienciados através de práticas afetivas e psicomotoras. Uma simplificada experiência em ação da base teórica do Vorlehre.