Estudos sociais para crianças numa democracia: prescrições didáticas para o ensino de história no Brasil sob o prisma estadunidense (1960-1970)
Datum
2021-08-19Autor
Soares, Elisiane da Silva
Orientador
Cescon, Juliane Petry Panozzo
Metadata
Zur LanganzeigeZusammenfassung
Esta pesquisa se dedica ao estudo do manual Estudos Sociais para crianças numa democracia com enfoque em sua materialidade e conteúdo. A obra foi originalmente publicada em 1956, por John U. Michaelis, Professor da Escola de Educação da Universidade de Berkeley, Califórnia. O exemplar tem sua impressão em 1970, com tradução de Leonel Vallandro, sendo a 4ª impressão da 2ª edição publicada pela Editora Globo. O livro apresenta prescrições aos professores que desejam ?melhorar a educação social das crianças? e o seu tema central é a defesa de que ?os valores e o comportamento democráticos devem impregnar todas as fases do programa de estudos sociais?. No Brasil, a disciplina de Estudos Sociais tornou-se obrigatória no Ensino Básico e Superior a partir de 1967 e em 1969, foi, então, implantado o curso de Estudos Sociais na Universidade de Caxias do Sul (UCS), que utilizou o manual de Michaelis como referência. Com isso, destacamos o fortalecimento das relações políticas entre Brasil e Estados Unidos, no sentido de implementar o modelo estadunidense na educação brasileira por meio de acordos e convênios com agências de fomento que garantiram seus espaços nas universidades. Dito isso, o objetivo deste trabalho é analisar o referido manual, a fim de perceber influências estadunidenses na educação brasileira e a repercussão de movimentos de renovação do ensino superior através da documentação relacionada ao Curso de História da UCS entre os anos de 1960 e 1970, disponíveis no Centro de Documentação (CEDOC/UCS). Para essa análise, ancorando-se nos pressupostos teóricos da História Cultural, visto a sua importância para a análise dos processos onde um sentido é construído, apoiamo-nos em Chartier (1990) e Pesavento (2003). Quanto a formação de professores e estrutura curricular, García (1999) e Goodson (1995), foram autores importantes para direcionar essa pesquisa. A metodologia de pesquisa documental e análise de conteúdo foi amparada em Chervel (1990), Bardin (1977), Bauer e Gaskell (2002) e Moraes e Galiazzi (2007), observando as contribuições e os trilhos tomados pelos autores em seus campos de pesquisas. A partir das análises dos documentos e do estudo da obra, reconhecemos que, as relações observadas no período e as prescrições didáticas, previam a instauração de uma democracia baseada, e por que não dizer importada, nos Estados Unidos. Dessa forma, consideramos o manual, em sua amplitude, como uma introjeção cultural do que se deseja de um professor de história que se reconhece até a atualidade.