Cata-ventos de poesia : vivências poéticas com crianças na pré-escola
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Data
2023-02-04Autor
Giacomin, Melina Sauer
Orientador
Ramos, Flávia Brocchetto
Metadata
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Esta dissertação parte da perspectiva de que infância e poesia parecem feitas da mesma matéria, dado o modo como concebem e revelam o mundo. Nesse sentido, busca-se aproximar tais elementos, apresentando estudo sobre a poesia na infância. Assim, esta pesquisa sobre poesia e infância objetiva investigar relações de crianças matriculadas na pré-escola com poesia veiculada em obras selecionadas pelo PNLD Literário (2018), a fim de contribuir com práticas educativas que promovam a literatura como direito. Crianças de uma escola privada situada na cidade de Caxias do Sul-RS são interlocutoras empíricas da pesquisa. Já os principais interlocutores teóricos são Cândido (2004), sobre literatura como direito; Huizinga (1999), Paz (2012) e Bordini (1991), sobre poesia e poesia infantil; Stearns (2006), Friedmann (2020), Rinaldi (2020), Barbosa (2016) e Brasil (2010), sobre as crianças hoje; Vigotsky (1988, 2008), Paviani (2012) e Benjamin (2013), sobre linguagens; Vigotski (2009), sobre imaginação e criação; Dewey (1971), sobre experiência de aprendizagem; Machado e Carvalho (2020) e Graue e Walsh (2004), sobre pesquisa para, com e sobre crianças. O percurso metodológico inspira-se em vertente qualitativa exploratória, por meio de pesquisa empírica construída via estudo de caso (YIN, 2001), pautado em três fontes de evidência: ateliês de vivências poéticas (incluindo registros fílmicos e observação participante), diário de campo e recolha documental. Por meio da triangulação desses dados, emergiram categorias e subcategorias de análise, inspiradas na análise de conteúdo (BARDIN, 2016), de modo a tratar os dados construídos na investigação. Os resultados mostram que a musicalidade, em especial, a rima é foco de atenção das crianças devido à sonoridade mais perceptível, mobilizando os leitores em formação a buscá-la no texto. No que se refere aos modos de se relacionar e comunicar a dimensão poética, o gesto integra a expressão não verbal dos interlocutores como linguagem genuína diante do texto simbólico. O repertório prévio das crianças, além de fatores concretos e de vivências reais, auxilia na construção de hipóteses e interpretação do texto poético, favorecendo a atribuição de sentido às imagens poéticas. Verificaram-se momentos de necessidade de aprovação da professora pesquisadora para que as crianças expressassem suas sensações e emoções não verbais, sendo essas marcas de escolarização um desafio a ser vencido pela mediadora e leitores ao longo dos ateliês. Também foi observado o inventivo e o ilógico nas formas como as crianças comunicam-se não verbalmente, indicando que não há padrão nem certeza interpretativa no texto poético. Tais reverberações, manifestadas verbal ou não verbalmente, foram legitimadas e consideradas parte da natureza poética infantil, devendo ser valorizadas. Das categorias emergentes do estudo, resultaram alguns princípios de mediação, os quais poderão orientar vivências poéticas na infância, ao elucidar modos de atuação potencializadores da experiência estética com poesia. Os ateliês poéticos propostos trouxeram elementos que validam os princípios de mediação literária e levantam caminhos para privilegiar a formação do repertório literário da criança, tendo em vista a garantia de seu direito à literatura e à aprendizagem e, ainda, possibilitando a fruição e a expressão por meio da relação com o poético, de modo a contribuir para sua formação humana e para o exercício da liberdade. [resumo fornecido pelo autor]