O luto dos pais diante da perda de um filho ainda na infância
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Data
2022-12-13Autor
Castilhos, Monica
Orientador
Cemin, Tânia Maria
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A expectativa de todos os pais, que acreditam numa ordem natural da vida, é que serão os próprios filhos aqueles providenciar-lhes-ão os rituais funerários, quando a ocasião chegar. Nenhum pai ou mãe está preparado para a possibilidade de terem que enterrar um filho e, quando isso acontece, é um evento altamente traumático e desorganizador, com desdobramentos em diversas áreas da dinâmica psíquica do indivíduo e da família. A perda de um filho, sobretudo criança, coloca em jogo uma série de mecanismos intrapsíquicos do indivíduo, numa tentativa de visando reelaborar e ressignificar o vazio representado por esta ausência. Assim, este estudo tem como objetivo identificar as possíveis dificuldades enfrentadas pelos pais em decorrência do processo de elaboração de um luto pela perda de um filho. Para isso, os objetivos específicos referem-se à caracterização das representações de um filho para os pais; à apresentação dos principais aspectos relacionados ao processo do luto e sua influência sobre o relacionamento entre o casal; e à identificação de possíveis diferenças entre o processo de luto materno e o de luto paterno. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e interpretativa, construída a partir da análise de um artefato cultural, o curta-metragem "Se algo acontecer... te amo!", de Grovier e McCormack, disponível em plataformas digitais, que retrata as dificuldades enfrentadas por um casal diante da perda da única filha, com 10 anos de idade, assassinada em um massacre na escola. Foram escolhidos alguns recortes que ilustram as circunstâncias de luto vivenciadas pelos pais, bem como algumas cenas que apontam para um cotidiano anterior, marcado pelas boas expectativas que os pais nutriam em relação à filha, antes do fato traumático. Os resultados apontaram que o luto pela perda de um filho interfere não apenas no cotidiano das famílias, mas afeta diretamente nas representações intrapsíquicas dos pais e as relações afetivas entre o casal. A ruptura do vínculo em decorrência da perda de um filho desencadeia um processo de elaboração do luto e movem representações psíquicas bem mais primitivas dos pais, podendo ser sentida como um golpe narcísico. Também foi possível perceber que, devido às expectativas impostas pelos papéis sociais, ocorre uma diferença entre o processo de luto materno e o de luto paterno, muitas vezes identificado pela tendência da figura paterna em conter e manter escondidos os próprios sentimentos, mantendo-se firmes para poder apoiar as figuras maternas neste processo. [resumo fornecido pelo autor]
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- Psicologia - Bacharelado [243]