A perinatalidade é o período que compreende a gestação até o pós-parto e acarreta significativas mudanças a nível biológico, psíquico, social, entre outras esferas. Tantas demandas provocam transformações subjetivas que concorrem com a saúde mental da mulher, o que pode ser prejudicial para a mãe e bebê. Muitos autores tem se debruçado sobre o assunto, deflagrando fatores de risco e de proteção como pilares para o entendimento do tema. Como objetivos, procurou-se identificar as práticas utilizadas em Atenção Primária para a saúde psicológica de mulheres no período perinatal, também identificar fatores de proteção e de risco presentes na incidência de um quadro de depressão perinatal, e apresentar uma possibilidade de programa interventivo como um produto técnico final da pesquisa, em forma de protocolo de capacitação do programa, voltado para a promoção de saúde e prevenção de danos à parturiente e puérpera na área de Atenção Primária da rede pública de saúde. Para o alcance dos objetivos foram utilizados métodos de pesquisa mista em duas etapas, denominadas Estudo 1 e Estudo 2. No Estudo 1, primeiramente foi conduzida a fase quantitativa para identificar as características sociodemográficas, queixas, sintomas e motivo da procura pelo serviço de obstetrícia. Esses dados estatísticos, importantes para o entendimento do perfil de gestantes que buscam atendimento, foram extraídos a partir de estudo realizado na Universidade de Caxias do Sul, intitulado ?Intervenções na Psicologia Clínica: integração, ensino-serviço e inovação? (INOVAPSI), e coordenado pelas professoras Drª Tânia Maria Cemin e Drª Alice Maggi. O Estudo 2 refere-se à fase da pesquisa em que os dados qualitativos foram coletados e analisados. Foi realizada uma entrevista semi-estruturada com as parturientes e puérperas, conforme critérios de inclusão/exclusão da amostra. As informações foram tratadas a partir da análise de conteúdo de Bardin. Para esta intervenção no estudo 2, foi realizado um grupo focal com gestantes na cidade de Capão da CanoaRS onde foi trabalhado temas concernentes ao quadro psicopatológico proposto a prevenir, bem como a preparação das gestantes para vivenciar a maternidade. Como resultados, foi possível compreender a atuação dos profissionais de saúde na rede de Atenção Primária em Saúde como que necessitando de aprimoramentos; é preciso educação continuada a fim de rastrear adequadamente os sintomas e identificar preditores para que, interdisciplinarmente seja possível melhorar a qualidade de vida da mulher. Também foi possível identificar que a prevalência de depressão perinatal é sobretudo maior em mulheres primigestas, com uma baixa percepção de suporte social, rede de apoio frágil, eventos estressores e histórico de doença mental, entre outros fatores. Por último, a implementação do prénatal psicológico serviu como um fator protetivo para a saúde da mulher e também interviu na prevenção do quadro psicopatológico de depressão perinatal. [resumo fornecido pelo autor]