Uso de inteligência artificial em apoio à decisão clínica: o caso do Hospital de Câncer Mãe de Deus com a ferramenta cognitiva Watson for oncology
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Data
2019-06-17Autor
Welchen, Vandoir
Orientador
Larentis, Fabiano
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Mostrar registro completoResumo
A Inteligência Artificial é uma área da ciência com origem na década de 50, com a proposta de simulação ou reprodução da inteligência em nível humana em máquinas. A evolução tornou-a um dos pilares da Quarta Revolução Industrial. Em 2011 a IBM apresentou e popularizou o termo "computação cognitiva" por meio do Watson, uma ferramenta capaz de aprender e
raciocinar de acordo com suas interações com humanos e experiências com o seu ambiente. Na área da saúde, acredita-se que esses sistemas podem revolucionar a medicina, na era do big data, pela capacidade de extrair e buscar informações para fornecer respostas baseadas em evidências e explicá-las. O objetivo desta dissertação foi analisar como um Sistema Cognitivo
pode auxiliar especialistas no processo de apoio à decisão clínica na escolha de um tratamento oncológico. Para atingir o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, objetivos exploratório e descritivo. A estratégia utilizada foi o estudo de caso único, que permitiu analisar em profundidade o caso do Hospital do Câncer Mãe de Deus, da cidade de Porte Alegre, RS, Brasil, na implantação do Watson for Oncology. O Hospital foi o pioneiro na América do Sul a implantar um sistema cognitivo. Na coleta de dados foram aplicadas entrevistas semiestruturadas em profundidade com usuários especialistas do sistema cognitivo e membros da equipe multidisciplinar do hospital, além da observação não participante e coleta de dados secundários – documentais. Para a análise dos dados foram aplicadas a análise de conteúdo e documental. Para o tratamento dos dados foi utilizado o software QSR NVivo® versão 12. Os resultados deste estudo revelam que a integração de uma ferramenta como o Watson for Oncology ao processo de decisão de tratamento em oncologia, ganha-se velocidade, segurança, qualificação no processo de busca e análise de informações atualizadas e baseadas em evidências, com uma enorme gama de conhecimento, que permitirá maior dedicação dos profissionais na interação e discussão do caso com o paciente. Em relação a ferramenta, não ficou claro para os profissionais a capacidade de aprendizado, que diferencia sistemas de IA tradicional de sistemas cognitivos. Os oncologistas revelaram que o pouco uso
da ferramenta, devido aos custos envolvidos, repassados aos pacientes, a inserção manual dos dados no sistema devido a versão não compreender o idioma português, podem ter prejudicado essa percepção se a ferramenta é cognitiva ou um algoritmo inteligente. Já a equipe multidisciplinar, fundamental para o processo de tratamento, não tem acesso a ferramenta.
Também foram revelados aspectos críticos que podem prejudicar ou facilitar o uso dessas ferramentas, que elas devem apenas auxiliar os profissionais, a decisão final permanecer com o médico e o medo de ser substituído por uma IA. O resultado final desta dissertação foi um esquema conceitual que poderá ser utilizado como suporte para facilitar o processo de implantação de tecnologias de IA em organizações, principalmente da saúde. Também foram apresentadas percepções e contribuições que esses sistemas podem trazer para uma área com tantos “abismos” como a saúde brasileira.