História dos grupos escolares em Garibaldi e Farroupilha: matizes de práticas pedagógicas e escolares (Rio Grande do Sul, 1926-1949)
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Data
2022-02-09Autor
Fernandes, Cassiane Curtarelli
Orientador
Luchese, Terciane Ângela
Metadata
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A tese tem como objeto de investigação a história dos grupos escolares instituídos em dois municípios localizados no Rio Grande do Sul. Seu objetivo é investigar a constituição e a organização dos grupos escolares em Garibaldi e Farroupilha, narrando nuances das culturas escolares produzidas no cotidiano destas instituições em correlação com o contexto. A delimitação temporal inicia em 1926, por ser o ano de instalação do primeiro grupo escolar em Garibaldi, e finaliza em 1949, em virtude da possível transferência do Grupo Escolar Daltro Filho e das mudanças ocorridas no processo de escolarização local durante a próxima década, com a criação de grupos escolares municipais em Garibaldi. O aporte teórico fundamenta-se na História Cultural, na História da Educação e na História das Instituições Escolares. A metodologia utilizada foi a análise documental histórica e a História Oral. O estudo privilegiou como categoria de análise as práticas pedagógicas e escolares, entendidas como os fazeres ordinários da classe e também da escola; distintas, assim, de outras práticas sociais produzidas e reproduzidas na tessitura do cotidiano escolar, com a tarefa de ensinar, educar, disciplinar, moralizar, orientar. Portanto, a tese é a de que os grupos escolares locais se constituíram como espaços privilegiados para a disseminação da cultura nacional, sobretudo a partir da organização e da realização das festividades cívicas. Neste cenário, destaco a atuação do Grupo Escolar Farroupilha como uma escola de referência para as demais, inclusive na elaboração de práticas de nacionalização, colocando em evidência o trabalho de um corpo docente que alçou voos para além da sala de aula, ocupando lugares de destaque na área educacional; formando, inclusive, outros professores por meio de cursos de aperfeiçoamento. Defendo que, nos grupos escolares locais, houve uma circulação de práticas vinculadas ao processo de renovação educacional no Rio Grande do Sul com o uso dos livros de leitura e escrita, de materiais e espaços que se relacionavam ao ensino intuitivo e ao método simultâneo. No entanto, ao mesmo tempo, houve uma continuidade de práticas que se distanciavam deste discurso, como a aplicação de castigos físicos e humilhações, arquivadas apenas nas lembranças de alunos(as) e professoras. Também, ao olhar para os índices de reprovação até o final da década de 1940, penso que o discurso de renovação educacional em voga não foi eficiente ao ponto de intervir na realidade destas instituições, contribuindo para que fossem lugares de rigorosidades, seleções e exclusões. Por fim, defendo a importância do corpo docente que esteve em cada uma das escolas pesquisadas, assumindo, diante de certa omissão do Estado, o protagonismo na busca de soluções para os problemas cotidianos. As professoras, junto aos alunos e as comunidades, criaram e recriaram o cotidiano, inventariando práticas para a aquisição de recursos que trariam mais conforto aos estudantes. Aponto que foram elas que resistiram e recriaram práticas que não estavam na legislação e nos discursos educacionais em circulação. Na sutileza das práticas cotidianas, nem tudo foi aceito ou efetivado. [resumo fornecido pelo autor]