Prevenção combinada ao HIV em universitários: um olhar da psicologia
Resumo
Desde que ocorreram os primeiros diagnósticos de HIV, diversos investimentos têm sido feitos no sentido de prevenção e tratamento. Contudo, os índices desta infecção ainda são altos, sendo que a faixa dos 20 aos 34 anos responde por mais da metade dos casos diagnosticados no Brasil. Em termos de escolaridade, 17,7% dos infectados possuem ensino superior completo ou incompleto. O conhecimento acerca do uso de preservativo como método de prevenção já é consolidado, porém ineficiente ao se considerar os números
crescentes. A partir deste contexto surge a Prevenção Combinada que articula intervenções biomédicas, comportamentais e socioestruturais como estratégias concomitantes de prevenção. Esta pesquisa buscou identificar se os universitários possuem o conhecimento básico sobre o HIV e/ou a presença de outras questões que levam universitários a não utilizarem métodos de prevenção ao HIV, refletindo à luz de alguns conceitos psicanalíticos como a compulsão à repetição e a pulsão de morte. A pesquisa teve delineamento quantitativo e qualitativo, sendo de natureza descritiva, exploratória e interpretativa. Para tal foi realizado, em um primeiro momento, um levantamento de dados através de um questionário online, buscando identificar o conhecimento e as percepções de universitários acerca do HIV e, em um segundo momento, entrevistas individuais que auxiliaram na compreensão de possíveis questões inconscientes que estejam afetando o não uso de prevenção. Os dados quantitativos foram analisados através do programa estatístico JASP e os dados qualitativos através da análise de conteúdo de Bardin. O teste estatístico utilizado foi o qui-quadrado de Pearson, sendo considerado significativo quando menor ou igual a 0,05 (p<0,05). O questionário online teve 1176 respondentes e 3 participantes foram
entrevistados de forma individual. Em termos de resultados foi possível perceber que parte da população universitária não tem conhecimento suficiente sobre a temática, principalmente sobre a prevenção combinada. Importante ressaltar que 49,2% dos respondentes identificaram que já tinham se exposto a situações de risco de infecção ao HIV/aids. O uso de preservativo não se mostrou consistente, apenas 12,9% referiram tê-lo utilizado em todas
as relações sexuais no último ano. Foram encontradas três categorias para a análise de conteúdo que dizem respeito aos primeiros contatos com a temática do HIV, as percepções sobre a exposição ao risco de infecção e acerca do conhecimento dos universitários sobre o HIV/aids. Também foi possível identificar, no discurso dos entrevistados, verbalizações que podem indicar a presença de aspectos inconscientes que podem ajudar na determinação de não utilização de métodos de prevenção. A partir da análise destes dados foi proposto a divulgação de uma cartilha digital aos universitários para que os mesmos tenham o conhecimento necessário sobre o uso da prevenção combinada. [resumo fornecido pelo autor]