Faculdade de filosofia de Caxias do Sul : memórias, representações e narrativas (1960-1967)
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Data
2015-12-15Autor
Rodrigues, Maria Inês Tondello
Orientador
Kreutz, Lúcio
Metadata
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Esta dissertação foi desenvolvida na Linha de História e Filosofia da Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação, Mestrado em Educação, da Universidade de Caxias do Sul. A Faculdade de Filosofia de Caxias do Sul, criada por Decreto Curial em julho de 1959, iniciou suas atividades em 1960 e foi mantida de forma autônoma pela Mitra Diocesana local até 1967 quando foi incorporada à Associação Universidade de Caxias do Sul – UCS. Com a intenção de conhecer a história de sua criação, quem foram os articuladores, seus objetivos, como era seu funcionamento, para identificar como aconteceu sua manutenção nesse período histórico, este estudo está inserido na área da história da educação no Brasil. Como problema norteador dessa pesquisa foi feito o seguinte questionamento: de que forma, por quem e com que objetivos foi articulada a criação e manutenção da Faculdade de Filosofia de Caxias do Sul entre os anos 1960 e 1967? Partindo de documentos pesquisados em arquivos históricos e de relatos através de entrevistas, o trabalho está fundamentado na perspectiva da História Cultural. Por isso, são consideradas as relações e os sujeitos que compõem o objeto em análise, suas memórias, representações e narrativas. Entre os teóricos que amparam esta busca estão Certeau (2003; 2008), Chartier (1999; 2002), Pesavento (2008; 2012), Hunt (1992), Le Goff (1996; 1998) e Burke (2008). Após um planejamento eficaz que resultou em ações práticas concretizadas partindo de estratégias e táticas encontradas para organizar os dados, iniciei a montagem de quadros para expor os diversos elementos uma vez que neste estudo trato da instituição e não de seus cursos de forma isolada. O regimento interno traz feições tomistas no modo de ensino. Nos sete anos que se manteve autônoma a Faculdade sofreu algumas adequações de ordem legal tendo que se adaptar a novas regras, principalmente após o Regime Militar que iniciou em 1964. No período em estudo foram cinco diretores, sendo que quatro eram padres ligados à Mitra, todos nomeados pelo Bispo, e uma religiosa que foi mantida de forma interina, sem nomeação. A Faculdade teve autorização de funcionamento com quatro cursos, porém no primeiro ano apenas três iniciaram, Filosofia, História e Pedagogia. No segundo ano começou o curso de Letras Neolatinas Francês. Em 1964 iniciaram os cursos de Matemática e Letras Neolatinas Inglês. Em 1966 começou o curso de geografia, fechando a oferta de sete cursos no total, antes de ser incorporada à UCS. O reconhecimento como instituição de Ensino Superior só foi expedido em 1965, apesar da solicitação ter sido efetivada em 1963, conforme as normas vigentes no país. Apesar das regras rígidas, a Faculdade se manteve com apoio da Mitra Diocesana e colaborou para a formação de professores para o então Ensino Secundário na região serrana gaúcha. A comunidade caxiense, através de alguns segmentos, participou na Faculdade frequentando seus cursos, conferências, palestras, eventos no geral. Entre os participantes fica evidente que algumas pessoas tinham condições financeiras para frequentar uma instituição particular de Ensino Superior enquanto outros apresentavam interesse na instituição enquanto formadora de profissionais. Destaco a presença de empresários, comerciantes, trabalhadores, professores e alunos dos diversos estabelecimentos de ensino instalados em Caxias e na região além dos egressos do Seminário Nossa Senhora Aparecida, mantido pela Igreja Católica na cidade. A imprensa local acompanhava as atividades e divulgava com antecedência convidando a sociedade a participar. A demanda registrada com ofertas do Ensino Secundário fortaleceu a Faculdade que formava professores. Apesar da Reforma Educacional no Brasil acontecer em 1968, na Faculdade caxiense iniciou anos antes com um grupo de professores que já pensava um modelo de universidade a ser construído que atendesse toda a região.