Tecnologias móveis na escola : movimentos da gestão escolar
Resumen
Esta dissertação tem como objetivo compreender os movimentos da gestão escolar no processo de inserção das tecnologias móveis na escola com base na Teoria dos Possíveis de Jean Piaget (1985, 1986, 1987). A cartografia, proposta por Deleuze e Guattari (1995) e descrita por Kastrup (2007, 2009, 2013), é a opção metodológica que orienta esse estudo, guiada pela pista da atenção e suas quatro variedades: rastreio, toque, pouso e reconhecimento atento. A pesquisa se divide em dois movimentos: a construção da base teórica e a análise dos dados. No primeiro movimento foram realizados quatro pousos com a intenção de constituir o cenário da pesquisa. O primeiro deles é a cultura digital, apresentada pelas ideias de Levy (1999), Lemos (2003, 2004, 2009) e Castells (2003), configurando a sociedade marcada pelos avanços da microeletrônica, na convergência entre a informática com as telecomunicações, e pelos processos de reconfiguração, liberação do polo de emissão e conexão generalizada. O segundo pouso se aproxima das tecnologias na educação, especificamente do Projeto Um Computador por Aluno, retratando a história do processo de informatização das escolas públicas brasileiras até chegar na modalidade 1:1, a partir de Kenski (2007), Almeida (1997, 1999, 2000), Valente (1997). No terceiro pouso há uma aproximação da escola, campo da pesquisa, mais especificamente da gestão escolar, que constitui os sujeitos a serem investigados. Lück (2000) é a base para explicar o avanço no papel do gestor escolar a partir da legislação vigente. O quarto pouso trata da Teoria dos Possíveis de Piaget (1985, 1986, 1987), do problema da produção de novidades, entendida aqui como uma possibilidade para compreender os movimentos da gestão escolar a partir da inserção dos laptops educacionais. O segundo movimento da pesquisa é marcado pela análise dos dados. A construção dos dados foi realizada a partir dos registros gerados durante o projeto Pesquisa e avaliação de práticas inovadoras para a inclusão da escola na cultura digital, (UCS, UFRGS e UNISINOS), do diário de itinerância da pesquisadora e da transcrição de cinco entrevistas feitas com os gestores escolares de uma escola participante da fase 2 do projeto piloto UCA. Os movimentos mapeados foram apresentados em três pousos. O primeiro trata das percepções dos gestores escolares, explicitando suas concepções acerca do seu papel. O segundo pouso fala da gestão de pessoas, marcado por perturbações que geraram a saída de professores da escola e a composição de um novo quadro de pessoal, revelando pseudo-impossibilidades e a abertura para novos possíveis. O terceiro pouso analisa a gestão na sua dimensão pedagógica, evidenciando a dicotomia entre o técnico e o pedagógico, bem como as ações da gestão na perspectiva de viabilizar o planejamento e a utilização dos laptops na escola. As condutas adotadas demonstram movimentos de resistência e abertura para novidades, levando a mudanças pedagógicas. Esta pesquisa se destaca pelo olhar atento e escuta sensível dos sujeitos que compõem a gestão escolar, que revelaram um constante devenir na abertura de novos possíveis a partir das perturbações apresentadas com a inserção de tecnologias móveis na escola.