¡Trae tus colores! : a (sex)usualidade no turismo LGBT
Visualizar/ Abrir
Data
2017-06-07Autor
Moreira, Maicon Gularte
Orientador
Campos, Luciene Jung de
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Este trabalho propõe uma problematização do segmento de Turismo LGBT, com base na análise dos mecanismos de interpelação que são responsáveis pela produção do sujeito LGBT como um turista LGBT. Para isso, assume o folheto promocional da campanha “¡TRAE TUS COLORES!” como a materialidade de onde oito sequências discursivas são tomadas para compor o corpus de análise. Esta campanha, apoiada pelo Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), promoveu o Brasil como um destino turístico LGBT em dezembro de 2014 nas cidades de Madrid e Valência, na Espanha. A análise do folheto promocional se filia aos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso francesa teorizada por Michel Pêcheux, que articula conceitos oriundos de três campos teóricos: da Psicanálise, do Materialismo Histórico e da Linguística. Por isso, aproxima os conceitos de sujeito e ideologia para discutir os mecanismos pelos quais a ideologia interpela esses sujeitos, autorizando alguns sentidos ao seu desejo inconsciente e desautorizando outros. Este processo, responsável por identificar o sujeito e censurar o desejo, produz deslocamentos de ordem psíquica e física, interpretados aqui como a busca pela realização do desejo através das viagens. Assume, portanto, que a impossibilidade de tomar uma posição, bem como de inscrever o desejo, é o que promove o deslocamento do sujeito, a pesquisa faz um retorno no campo do turismo. Esse último, é aproximado da noção de espetáculo (DEBORD, 1997), da qual é possível perceber a fetichização do desejo do sujeito na garantia da alienação desse sujeito de sua própria condição. Em seguida, demonstra pela análise das sequências discursivas selecionadas, o processo de produção de sentidos a partir das formações imaginárias (PECHEUX, 2014a). No caminho descrito, o trabalho sugere pensar o Turismo como um aparelho ideológico de Estado (ALTHUSSER, 2003), pois funciona como um campo de reprodução da ideologia dominante, que é a ideologia da classe dominante, responsável por regular os discursos que falam de e para os sujeitos LGBT. Discursos sobre uma sexualidade estigmatizada, inclusive através do Turismo, mobilizada em torno do significante sexo e intrinsicamente imbricada no jogo de forças ideológico de dominação desses sujeitos.