Violência nas escolas : reflexões a partir do cotidiano da RME de Caxias do Sul - RS
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Data
2017-09-18Autor
Bamberg, Rubia Paula
Orientador
Stecanela, Nilda
Metadata
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Esta dissertação tem como temática central a manifestação da violência nas escolas. Buscou compreender os fatores geradores, bem como as manifestações de violência na rede municipal de ensino do município de Caxias do Sul, tomando por base as representações dos alunos. Várias foram as questões motivadoras do estudo, orientado pelo seguinte problema de pesquisa: quais as causas e manifestações de violência presentes em escolas municipais de ensino fundamental de Caxias do Sul? O cenário no qual a pesquisa foi realizada, considerou um programa desenvolvido na Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul, o CIPAVE, bem como o cotidiano em que a violência se manifesta, ou seja, as escolas. Nesta fase, foram analisados os dados disponibilizados pelo CIPAVE correspondentes ao ano de 2014. A partir dessa aproximação, os dados que remetiam aos casos de violência foram agrupados e posteriormente analisados. Além disso, foi realizado um estado da arte com o intuito de explorar o tema, bem como o referencial teórico e as metodologias associadas às pesquisas desenvolvidas sobre a violência em espaço escolar. Em decorrência, foi possível identificar uma carência no que tange à abordagem da violência sob o olhar dos principais atores que a vivem, sofrem ou provocam a violência escolar: os estudantes. Como forma de buscar respostas às questões acima descritas o estudo recorreu à aplicação de 132 questionários com questões abertas e fechadas para alunos dos anos finais do Ensino Fundamental de quatro escolas. Os dados empíricos foram complementados e qualificados com a realização de oito entrevistas em profundidade com alunos de uma das escolas participantes da pesquisa. Os dados foram organizados, discutidos e analisados, segundo diferentes procedimentos, de modo especial, valendo-se da análise textual discursiva orientada por Moraes e Galiazzi (2011). O suporte teórico para a interpretação dos dados pautou-se pelas contribuições dos autores acessados no estado da arte realizado, bem como nas teorizações de Hannah Arendt e Norbert Elias, relativamente ao tema da violência e do processo civilizador envolvendo, nesse último, os conceitos de relações de interdependência e configuração social. Os principais achados da pesquisa são apresentados nas seguintes categorias emergentes: Naturalização e apropriação da violência; A trama das relações de interpendência nas redes de socialização; e as Alternativas para o enfrentamento da violência. Com base nessa sistematização é possível destacar que múltiplos são os sujeitos que experienciam a violência em ambiente escolar, de modo direto e indireto. Com isso, se evidencia a importância da escuta dos envolvidos, de modo a identificar como esses percebem e nomeiam os diversos modos de violência que praticam ou que sofrem. Como ecos dos dados empíricos estão a fragilidade e o distanciamento das relações entre os atores que compõem a escola e, ainda, a ausência de clareza sobre o que configura-se violência, pois, por vezes, a naturalização do conceito acaba por influenciar a não percepção do que seria um ato de violência. São esses os elementos que justificam e conferem relevância à pesquisa realizada.