Sobre a possibilidade de constituição de uma pedagogia do problema
Visualizar/ Abrir
Data
2014-05-30Autor
Luza, Robledo dos Santos
Orientador
Kuiava, Evaldo Antônio
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O objetivo desta investigação é determinar a possibilidade de constituição de um discurso teórico que fundamente epistemologicamente a prática educativa baseada na atividade problematizante, respondendo ao seguinte problema de pesquisa: é possível constituir uma pedagogia do problema, considerando as implicações epistemológicas desta proposta? Ela está inserida na linha de pesquisa de Filosofia da Educação, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Caxias do Sul. Através da análise de enunciados e da análise interpretativa dos referenciais teóricos, efetuou-se uma análise crítica dos conceitos de pedagogia, de educação e de problema, de modo a produzir uma compreensão ampla destes conceitos, considerando os aspectos sociais e culturais relacionados à educação e à pedagogia, e os aspectos epistemológicos e existenciais relacionados ao conceito de problema. Esta análise permitiu a elaboração de um conceito de pedagogia do problema como o fundamento teórico de uma prática educativa na qual a relação com o conhecimento aconteça pela via da problematização, expresso em um conjunto de pressupostos e características gerais. Entre outros, o suporte teórico utilizado foi, em relação à análise dos significados dos termos pedagogia e educação, os escritos de Fullat, Cambi, Aranha, Saussure, Barthes, Trabant e Lyons. Sobre a relação entre a educação e o fenômeno da reprodução social e cultural, o suporte teórico utilizado foi, principalmente, os escritos de Durkheim, Herskovits, Althusser e Bourdieu. Sobre a relação entre o pensamento pedagógico e o fenômeno da mudança cultural, o suporte teórico foram os textos de Platão, Rousseau, Coménio e Kant. Sobre o problema, enquanto questão filosófica e pedagógica, o suporte teórico foi o diálogo Ménon, de Platão; as concepções de problema dialético e questão em Aristóteles presentes no Órganon; a noção do perguntar, apresentadas por Gadamer em Verdade e Método; as implicações das teses de Wittgenstein, em relação aos problemas filosóficos tradicionais e a sua qualificação como pseudoproblemas, conforme apresentadas no Tractatus e a sua influência em Schlick e Carnap; a concepção de problema apresentada por Popper em Conjecturas e Refutações e A Lógica das Ciências Sociais; a concepção de problema apresentada por Dewey em Lógica: a teoria da investigação; e a obra de Bergson. Como resultado, evidencia-se a íntima relação existente entre a educação, a cultura e a sociedade, principalmente pelo papel reprodutor que a primeira possui em relação às outras. O fato de que a educação catalisa os anseios de transformação social e cultural, expressos, freqüentemente, no pensamento pedagógico. A dimensão metodológica, gnoseológica e existencial da predisposição do ser humano para o perguntar, o questionar e o problematizar. A intrínseca relação existente entre os problemas e o conhecimento. A possibilidade de constituição de uma pedagogia problematizante coerente epistemologicamente. Como relevância, apresenta-se a possibilidade pedagógica de que uma prática educacional problematizante permita o desenvolvimento de uma cultura investigativa, que poderá se traduzir em maior desenvolvimento material (conquistas tecnológicas) e imaterial (concepções, costumes e valores) para a sociedade.