Atividade antioxidante e anticonvulsivante de suco de uva bordô e seu efeito no comportamento de ratos wistar
Data
2014-06-12Autore
Rodrigues, Adriana Dalpicolli
Orientador
Salvador, Mirian
Henriques, João Antonio Pêgas
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O suco de uva possui um importante papel econômico no Brasil, principalmente no
estado do Rio Grande do Sul, grande produtor de uvas e derivados. Atualmente, podem ser
encontrados sucos de uva orgânicos, em que o uso de agrotóxicos e engenharia genética no
cultivo da uva são proibidos, e sucos convencionais, elaborados com uvas que recebem uma
série de agroquímicos. Uma diferença significativa observada entre os dois tipos de suco é o
conteúdo de compostos fenólicos, que é maior no suco orgânico. Esses compostos podem
apresentar importante atividade antioxidante, minimizando a incidência de diversas doenças
relacionadas ao estresse oxidativo, como as neurodegenerativas, o câncer e a aterosclerose. A
epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns em todo o mundo e é caracterizada
por crises convulsivas espontâneas e recorrentes. Essas crises podem aumentar o conteúdo de
espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio, desequilibrando o metabolismo redox de
pacientes epilépticos. Em vista disso, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade
antioxidante e anticonvulsivante de sucos de uva Bordô, orgânico e convencional, e seus
efeitos no comportamento de ratos Wistar. Em adição, foi determinado o conteúdo de
compostos fenólicos totais e compostos majoritários de cada suco. Para a realização do
estudo, ratos Wistar machos (n=48) com 3 meses de idade pesando em torno de 250-300g
foram divididos em 3 grupos e tratados, por gavagem, com solução salina, suco de uva
orgânico ou convencional, durante 17 dias (tempo determinado de acordo com teste piloto).
No 18° dia, as possíveis mudanças no comportamento (ansiedade, capacidade locomotora e
exploratória) dos animais foram avaliadas pelo teste de Campo Aberto. A seguir, metade dos
ratos de cada grupo recebeu uma dose única da droga convulsivante pentilenotetrazol (PTZ) e
foram observados durante 30 minutos para avaliação das características convulsivas (tempo
de latência para início da convulsão, tempo de convulsão tônico-clônica, tempo de convulsão
total, número de convulsões e número de animais que chegaram ao nível cinco da escala de
Racine, o tipo mais severo de crise convulsiva). Avaliou-se, ainda, a taxa de mortalidade em
cada grupo. A seguir, os animais foram eutanasiados por decapitação e as estruturas cerebrais
(córtex cerebral, cerebelo e hipocampo), fígado e sangue foram coletados para avaliação do
metabolismo redox (danos oxidativos a lipídios e proteínas, conteúdo de óxido nítrico,
atividade das enzimas superóxido dismutase e catalase e conteúdo de proteínas sulfidril). Os
resultados mostraram que o tratamento com os sucos não alterou o comportamento dos ratos e
não foi capaz de minimizar as convulsões induzidas por PTZ. Observou-se, no entanto, que o
tratamento com suco convencional evitou a morte dos animais induzida por PTZ, enquanto
que com o suco orgânico a mortalidade foi reduzida para 33%. Por outro lado, ambos os sucos
evitaram os danos oxidativos a lipídios e proteínas, bem como o aumento no conteúdo de
óxido nítrico no sistema nervoso central (SNC), fígado e soro dos ratos. Observou-se, ainda,
que o tratamento com os sucos evitou a depleção de proteínas sulfidril em todos os tecidos
estudados. O suco orgânico foi capaz de evitar, também, a depleção da atividade das enzimas
antioxidantes superóxido dismutase e catalase em todos os tecidos. Já o suco convencional
evitou a diminuição da atividade das enzimas antioxidantes induzida por PTZ apenas no
fígado e soro dos ratos tratados. Observou-se, ainda, que o suco orgânico apresentou maior
concentração de compostos fenólicos totais, catequina, epicatequina, antocianinas,
procianidina B1 e resveratrol do que o suco convencional, fator que pode ter influenciado nos
resultados obtidos neste trabalho. Portanto, os resultados obtidos neste estudo abrem portas
para o desenvolvimento de novas estratégias terapêutica para o tratamento da epilepsia afim
de aumentar a qualidade e a expectativa de vida de indivíduos portadores da doença, além de
contribuir para o aumento do valor agregado do suco de uva, favorecendo a vitivinicultura
nacional.