Concepções de gramática e de ciência no ensino de língua
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Data
2015-04-13Autor
Kaodoinski, Fabiana
Orientador
Paviani, Neires Maria Soldatelli
Metadata
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Esta dissertação tem como objetivo principal investigar concepções de gramática normativa, descritiva e internalizada, descrevendo-as, buscando aproximações com concepções de ciência e verificando se apresentam contribuições ao ensino de língua materna na Educação Básica. A pesquisa foi essencialmente bibliográfica, fundamentandose em referenciais teóricos de Saussure, Benveniste, Bakhtin, Vygotsky, Bronckart, Kuhn, Kant, Morin, Paviani, Franchi, Travaglia, Possenti, Flores, Pozo, Cavaliere, entre outros autores que investigam a educação, a linguagem, a epistemologia, os processos de ensino e de aprendizagem e as questões relacionadas à língua materna e à gramática. Observou-se que a gramática descritiva busca, como o próprio nome diz, descrever a língua para perceber usos possíveis, podendo auxiliar o aluno a compreender o funcionamento linguístico. A gramática internalizada, por sua vez, pode trazer benefícios ao ensino de língua portuguesa pelo fato de reconhecer e não desvalorizar as regras da língua aprendidas pelos estudantes em sua comunidade de fala. Assim, essa concepção sugere que o professor identifique a realidade linguística dos alunos para poder elaborar atividades as quais possibilitem a eles o acesso a novas formas de expressão. Quanto à gramática normativa, entendeu-se que seu ensino precisa ser repensado. Além disso, a pesquisa permitiu constatar que, na aula de língua portuguesa, o trabalho com base em frases ou palavras isoladas e na transmissão de regras, o qual foi relacionado com a concepção de gramática normativa e com a de ciência cartesiana-newtoniana, pode ser revisto. Como alternativa, indica-se a realização de atividades que contemplem o texto/discurso. Isso vai ao encontro da concepção contemporânea de ciência, alicerçada em características como a unidade, a complexidade, a visão sistêmica. A investigação também permitiu concluir que o caráter prescritivo da gramática normativa pode ligar-se à ideia defendida pelo paradigma cartesiano-newtoniano de que existem verdades absolutas. Nessa perspectiva, sugerem-se alternativas ligadas à concepção de educação e de linguagem como interação, cunhadas na intersubjetividade.