Educação estética pela mediação de leitura de imagens de obra de arte
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Data
2015-04-13Autor
Amaral, Michele Pedroso do
Orientador
Paviani, Jayme
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A prática de leitura de imagens de arte, em algumas instituições de ensino, tem se limitado à informação dos aspectos técnicos e das intencionalidades do artista ditas exclusivamente pelos professores, pouco ou nenhum espaço há para que os estudantes possam refletir e formular seus próprios julgamentos sobre a imagem da obra, como direito à vivência da imaginação e experiência estética, fato que contribui para que o olhar humano se torne insensível e utilitário. Entende-se que essas práticas docentes, fundamentadas pela informação, advêm de alguns aspectos de tendências pedagógicas de cunho tradicional, escolonovista e tecnicista, ao qual a educação, logo o ensino e a aprendizagem de Arte, vêm se fundamentando desde o período de colonização no Brasil, e que, apesar de haver novas perspectivas nos dias atuais (BARBOSA, 1998), não desvincularam-se do entendimento de que o saber fazer (visando ao produto final) tem mais valor do que a sensibilização envolvida na experiência com as artes. No entanto, destaca-se que a educação estética pela arte é fator crucial ao desenvolvimento humano, pois potencializa o autoconhecimento sensível/reflexivo, como prática de construção da existência. Nesse norte, a presente pesquisa constitui-se como alternativa frente às práticas de leitura de imagem de arte na escola, com o desafio de mediar o aprimoramento da percepção estética, como possibilidade de formação do olhar humano, para que os alunos sejam capazes de relacionar-se com o objeto estético (imagem de arte), para além do julgamento instantâneo, e possam ler a dimensão metafórica do não visível da arte. Para a realização de tal proposta, foram criadas oficinas de leitura de imagens de diferentes expressões artísticas (Instalação Artística, Fotografia, Grafite, Pintura), tendo como embasamento metodológico os estudos de Vigotsky (2001; 2005; 2010) sobre mediação, em que o professor aproxima e proporciona experiências significativas aos estudantes, através de uma postura pedagógica problematizadora (PAVIANI, 2010a) de questionamentos. Cabe ressaltar que a mediação, presente no questionamento constante, durante a leitura dos sujeitos, teve o papel de desafiá-los para as minúcias e os vazios da imagem que, talvez, pudessem passar desapercebidos em um olhar momentâneo, numa proposta em que coloca o aluno como criador de significações à imagem de arte. Os resultados da pesquisa, construídos pelos estudantes, através de respostas escritas e da estratégia de observação direta participante (LAKATOS; MARCONI, 1991), confirmaram o cenário atual da leitura de imagem de arte na escola e evidenciaram o refinamento de algumas habilidades de observação e análise, como indicativa de aprimoramento da percepção estética, propiciadas pela experiência da leitura de arte. A estratégia desenvolvida nessas oficinas pode certamente ser adaptada às aulas de Arte, pois representa uma oferta que potencializa a ampliação de sentidos na leitura de arte, ao invés de sua utilização em prol do fazer com um fim em si mesmo.