(Trans)formação de professores em acoplamento com as tecnologias digitais
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Data
2016-01-27Autor
Machado, Márcia Buffon
Orientador
Soares, Eliana Maria do Sacramento
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Nesta dissertação apresentamos uma narrativa da investigação construída com o objetivo de compreender e explicar as transformações que aconteceram – e que podem continuar acontecendo – com professores que participaram de um grupo de estudos acerca da reestruturação do ensino médio, no contexto de inserção das tecnologias digitais na escola, proposto como espaço de convivência entre professores em (trans)formação continuada e no qual poderiam acontecer acoplamentos estruturais e tecnológicos. Ela foi desenvolvida ancorada nos projetos Formação humana de educadores no contexto da cultura digital: a inserção do laptop educacional na escola e Movimentos de transformação de professores e de alunos em convivência no contexto da inserção digital (MOVICON), integrando a linha de pesquisa Educação, Linguagem e Tecnologia do curso de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Caxias do Sul. Durante os estudos e mapeamento desta pesquisa, buscamos explicações para problematizações a partir da pergunta como nos transformamos quando atuamos como professores em formação na convivência e em acoplamento com o outro e com as tecnologias digitais? Nos caminhos teóricos escolhidos para sustentar nossa pesquisa, estudamos os conceitos de autopoiese, convivência e acoplamento a partir da Biologia do Conhecer de Maturana e Varela (1993, 1996, 1997, 2000, 2001 e 2006) e seus desdobramentos explicados por Pellanda (2009 e 2010), Axt e Maraschin (2005), Barcelos e Schlichting (2006 e 2008). Discutimos questões relacionadas à educação, sociedade, tecnologia e à cultura digital na contemporaneidade, apoiadas nos estudos de Lèvy (1999), Lemos (2003 e 2009), Castells e Cardoso (2006), tendo como principais elementos o foco na emergência do ciberespaço e a reconfiguração das relações entre os sujeitos a partir da desterritorialização, da mudança das relações de tempo-espaço e da ampliação da comunicação com a interconexão/conectividade mundial. Entendemos que a importância deste estudo está na possibilidade de explicarmos, a partir da convivência pautada em respeito mútuo e compreensão do outro como legítimo outro e de seus domínios de ações, transformações no operar de professores, considerando que já são percebidas mudanças sociais, relacionais, econômicas a partir da inserção das tecnologias digitais no cotidiano e nos contextos escolares. O delineamento metodológico escolhido está alinhado aos caminhos teóricos trilhados e tem como inspiração alguns movimentos do método cartográfico, proposto e descrito a partir dos estudos de Kastrup (2007, 2009, 2013), Passos (2009, 2013), Escóssia (2009) e Tedesco (2009, 2013): rastreio, toque, pouso e reconhecimento atento. A decisão por este caminho metodológico está ligada ao entendimento que temos acerca do fenômeno que estamos estudando como algo dinâmico e em processo, sendo constituído pelo nosso viver; pelo viver dos professores em formação. A construção das explicações do corpus aconteceu a partir de observações, narrações e conversações. As explicações foram organizadas com base nos registros em diários da pesquisadora gerados a partir de entrevistas cartográficas realizadas com cinco professoras que aceitaram o convite para convivência e estudos no grupo Ensino Médio: realidades, tecnologia, possibilidades e (re)construções. Dentre os movimentos de transformação mapeados e as processualidades experimentadas, destacamos quatro marcas e os marcadores que, correlacionados entre si, emergiram ao longo dos estudos: Transformação (reconhecimento do processo vivido, das mudanças nos processos educativos contemporâneos e do papel do professor), Emoção (satisfação, decepção, desamparo e respeito), Cooperação/Colaboração (movimentos de atuação compartilhada, contribuição, colaboração e esforços para contemplar objetivos comuns) e Subjetividade (entendimento acerca da constituição do sujeito na observação, explicação e convivência com o outro e com o meio). Assim surgiram aspectos que entendemos como campos para mapeamentos futuros: repensar e reorganizar os espaços, tempos, currículos escolares parece ser importante para a acolhida de alunos e professores, a fim de que sejam possíveis ações respeitosas, colaborativas e cooperativas entre professores, alunos e comunidade escolar na busca pela educação integral e contemporânea, na qual os sujeitos se transformem e sejam capazes de pensar e agir por uma vida responsável e autônoma, favorecendo a emergência de um futuro livre.