Contribuições dos pais para a aprendizagem de crianças diagnosticadas com TDAH : uma análise a partir da teoria de Vigotski
Data
2023-01-19Autore
Cadore, Fernanda Meneghel
Orientador
Bisol, Cláudia Alquati
Metadata
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Atualmente, muito tem-se falado a respeito de diagnósticos psiquiátricos para justificar problemas de aprendizagem e de comportamento. O diagnóstico de TDAH é um dos principais na sociedade contemporânea. Muito presente em nosso cotidiano, esse quadro é complexo e controverso. Inúmeras crianças são diagnosticadas no período escolar, devido a comportamentos que chamam atenção de professores, por exemplo, dificuldades de concentração. Nas diferentes áreas que discutem o TDAH, como a medicina, a psicologia e a
educação, encontramos controvérsias com relação à comprovação científica do diagnóstico e, consequentemente, da existência do transtorno, devido à imprecisão do diagnóstico e da definição vaga apresentada pelos que defendem a sua existência. Críticos da literatura especializada sobre o TDAH estão divididos entre os que questionam a inconsistência dos seus critérios diagnósticos e os que negam completamente a existência do transtorno. A análise da literatura a respeito do TDAH aponta dificuldades para o diagnóstico e tratamento. Constata-se ainda, que não existem estudos consistentes acerca das consequências futuras do uso de estimulantes em crianças. O presente estudo busca orientar-se pela perspectiva teórica histórico-cultural, para a qual os possíveis transtornos de aprendizagem e/ou de desenvolvimento, como o TDAH, não são compreendidos como fenômenos naturais, individuais e orgânicos, sobre os quais educadores e pais não teriam muitas possibilidades de intervenção. Assim, este estudo tem como objetivo geral analisar como os pais contribuem
para a aprendizagem de crianças diagnosticadas com TDAH, durante a pandemia de COVID19, à luz da teoria de Vigotski. Participaram da pesquisa quatro casais parentais cujos filhos são alunos de escola da rede privada de Caxias do Sul, matriculados em anos iniciais do Ensino Fundamental, entrevistados de forma presencial. Uma entrevista narrativa semiestruturada foi realizada. As falas e expressões de cada participante foram analisadas e apresentadas individualmente, a partir da proposta metodológica de análise de conteúdo de Bardin. Os dados foram organizados em duas categorias intituladas "vivências escolares" e "contribuições dos pais para a aprendizagem". A primeira categoria foi organizada em três subcategorias: antes da pandemia; no período de aulas remotas e retorno ao presencial. A segunda categoria foi organizada em duas subcategorias: quando os pais contribuem; quando os pais encontram dificuldades. Os resultados apontam que os pais perceberam somente na pandemia as reais dificuldades escolares de seus filhos. Essas dificuldades parecem ter aumentado no período das aulas remotas e os pais citam um possível prejuízo à escolarização. Ressalta-se também a importância da aproximação que trouxe às famílias, permitindo que os pais conhecessem melhor as potencialidades e dificuldades escolares de seus filhos, ampliando a interação e mediação, fundamentais para o desenvolvimento infantil. A ressignificação das dificuldades da criança por parte dos pais também esteve presente na pesquisa. Compreender o TDAH, apoiada na referida teoria, permite um entendimento de que o desenvolvimento e a aprendizagem se estruturam na qualidade das interações, das mediações e da formação da atenção voluntária, que é uma das grandes contribuições da teoria histórico-cultural frente a esse diagnóstico. [resumo fornecido pelo autor]