Mulheres, intelectuais e professoras : a história das mulheres pelo olhar feminino de historiadoras da região colonial italiana do Rio Grande do Sul
Abstract
Esta tese tem como tema o estudo dos itinerários de vida, de docência e de produção científica das professoras e historiadoras caxienses Cleci Eulalia de Favaro, Heloisa Delia Eberle Bergamaschi, Loraine Slomp Giron e Maria Abel Machado, que, ao longo de suas vidas acadêmicas e profissionais, produziram pesquisas sobre a História das Mulheres da Região Colonial Italiana (RCI). O objetivo principal deste texto foi investigar seus itinerários de vida e percurso de formação profissional que tornaram as professoras pesquisadoras sobre a História das Mulheres, ao mesmo tempo que contribuíram para a formação de professoras e professores da Região Metropolitana de Caxias do Sul. A tese que defendo marca o itinerário de vida e a produção científica de quatro historiadoras e professoras caxienses que protagonizam a construção da História das Mulheres na Região Colonial Italiana e também se destacaram na
produção e mediação de conhecimento da história regional, como intelectuais e como professoras ocuparam cargos de direção e chefia do Departamento de História e Geografia, da Universidade de Caxias do Sul, entre os anos de 1961 a 2010. Suas pesquisas culminaram em publicações que trouxeram para o debate, nos anos 1990, principalmente, o trabalho feminino.
Essa iniciativa pode ser compreendida como uma forma de feminismo, mesmo que não haja identificação direta com o termo. A abordagem teórica e metodológica deste estudo está inserida na perspectiva da História Cultural em diálogo com a História da Educação de Bastos (2016) e História das Mulheres das autoras Perrot (1997, 2005, 2008), Soihet (2007), Rago (1995, 2019) Colling (2015), Pedro (1997, 2005, 2012), Louro (1997, 2000), Pinto (2003,
2010), Méndez (2017) e Prinsky (2012). Para essas análises, foram mobilizados os conceitos de Gênero de Scott (1989, 1994, 2012); Intelectuais Mediadores/as de Gomes (2018) e Sebrian (2017); Biografia e Autobiografia de Bueno (2021); e Representação de Chartier (2002) e Egodocumento de Cunha (2019). Quanto a metodologia, foi realizada a Análise de Conteúdo de Bardin (1977), para a construção das biografias e itinerários de vida e docência, bem como os
pressupostos da História Oral. As historiadoras constituíram representações dessas mulheres imigrantes e de suas descendentes que fogem do padrão estereotipado moldado pelo patriarcado. Este estudo versa sobre uma história de mulheres que produziram pesquisas sobre a história de outras mulheres. A História das Mulheres sobre o crivo das respectivas historiadoras são representações de mulheres determinadas e dinâmicas que na condição de filhas, irmãs, esposas, mães, noras e sogras precisaram dar conta do trabalho, seja na pequena propriedade, na prestação de serviços e, também, como mão-de-obra na incipiente indústria de Caxias do Sul. As pesquisas das quatro historiadoras sobre as mulheres revelaram o protagonismo feminino na produção científica regional sobre a História das Mulheres, numa perspectiva de feminismos plurais. [resumo fornecido pelo autor]