Colégio Nossa Senhora de Lourdes, Farroupilha/RS : histórias de sujeitos e práticas (1922-1954)
Zusammenfassung
A pesquisa buscou compreender o processo histórico do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, localizado em Farroupilha/RS, a fim de ampliar o conhecimento sobre a história da educação gaúcha e nacional. A investigação teve como categorias de análise as culturas escolares da instituição, os sujeitos e práticas no Ensino Primário. A instituição, fundada em 1917, pertence à Associação Educadora São Carlos das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas de proveniência italiana. O recorte temporal do estudo é de 1922, ano em que ocorre a primeira mudança de endereço da instituição, até 1954, quando é autorizado o funcionamento do curso ginasial. Os pressupostos teórico-metodológicos da História Cultural orientaram a análise, sobretudo com as contribuições dos historiadores Burke (1992, 2000), Le Goff (1996), Chartier (2002) e Pesavento (2008). Já para ancorar a compreensão das culturas escolares, contribuem Julia (2001), Viñao Frago e Escolano (2001), Vidal (2005, 2009) e Faria Filho (2007). Os principais documentos da investigação são: (a) documentos escritos (Livro Tombo da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, livros de atas, exames finais do colégio e registros da vida apostólica de cinco professoras-religiosas), (b) fotografias e (c) história oral de sete sujeitos vinculados à instituição escolar (cinco ex-alunos e duas ex-professoras-religiosas). Porém, outras fontes foram utilizadas no decorrer da elaboração da narrativa como, por exemplo, o Relatório de Verificação Prévia para autorização do ginásio, jornais e documentos de acervos pessoais dos entrevistados. A narrativa realizada permitiu compreender o surgimento da instituição escolar no contexto local, bem como a emergência da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas, sua atuação no campo educacional e a expansão para o Rio Grande do Sul. Com relação aos sujeitos escolares, discentes, docentes e diretoras, foi possível perceber que os alunos trazem consigo marcas de etnicidade e cultura próprias deste local. O corpo docente, por sua vez, caracteriza-se por ser formado, principalmente por professoras-religiosas que têm como formação inicial a religiosa. Já a formação profissional, ela foi oportunizada pela congregação de diferentes formas (escola complementar, cursos de música, datilografia, dentre outros). As diretoras, irmãs da congregação, inicialmente não eram da região, mas essa realidade foi alterando-se com o passar do tempo. O cargo de diretora representa uma função que não é exclusiva e está aparentemente vinculada a outras hierarquias na congregação. As práticas escolares, analisadas a partir dos indícios e representações, permitiu perceber (a) a sala de aula como espaço privilegiado das práticas escolares, (b) as práticas de leitura e de escrita, como um fio condutor dos demais saberes, (c) permeados pela disciplina, ordem e religiosidade, e também (d) as formas de quantificar a aprendizagem. Tais práticas hibridizadas pelas ideias escolanovistas, legislações educacionais e pelo processo de nacionalização marcaram as culturas escolares da instituição pesquisada.