Interrelação entre inflamação, estresse oxidativo e disfunção mitocondrial na depressão: desenvolvimento de um modelo tipo depressivo in vitro
Data
2022-01-26Autor
Visentin, Ana Paula Vargas
Orientador
Salvador, Mirian
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A depressão é uma desordem mental mundialmente reconhecida como um problema de saúde pública. Dentre os sintomas desse transtorno podemos citar distúrbios do sono, decréscimo de energia, ansiedade, tristeza profunda e perda de interesse na realização de atividades antes consideradas prazerosas. Recentes estudos demostram uma relação entre inflamação, estresse oxidativo e disfunção mitocondrial na fisiopatologia da depressão, gerando consequências fisiológicas, psicológicas e cognitivas. Uma das hipóteses que explica a associação entre esses processos é o metabolismo da quinurenina (KYN), o qual gera metabólitos neurotóxicos ao longo da via. Dessa forma, o desenvolvimento de um modelo tipo depressivo in vitro, é importante para auxiliar a compreender o mecanismo complexo deste transtorno e ainda minimizar o uso de animais em estudos que apresentam inúmeros vieses. Assim, o presente trabalho teve o objetivo de estudar a relação existente entre processos inflamatórios e alterações mitocondriais desencadeadas por metabólitos da via da quinurenina e desenvolver um modelo in vitro capaz de mimetizar algumas das alterações bioquímicas relatadas em pacientes depressivos. Além disso, após estabelecido o modelo, com o objetivo de testar novos fármacos que possam reduzir os índices de pacientes refratários e aumentar a adesão ao tratamento reduzindo os efeitos colaterais em relação aos medicamentos convencionais testou-se um extrato rico em compostos fenólicos obtido de Araucaria angustifolia (EAA). Para simular o quadro tipo-depressivo, células microgliais BV-2 foram tratadas com 10?g/mL de lipopolissacarídeo (LPS), associado à quinurenina, um catabólico tóxico, na concentração de 1000?M, pelo tempo de 24 horas. A associação de LPS + KYN reduziu a viabilidade celular e aumentou os índices de apoptose, além de gerar disfunção mitocondrial observada através de redução na atividades nos complexos I e IV da cadeia de transporte de elétrons, nos níveis de ATP e das proteínas mitocondriais SIRT1, SIRT3 e da subunidade NDUFS7 do complexo I. Observa- se ainda, aumento nos níveis de NO, ERO intracelular e marcadores inflamatórios tais como COX, NF-?ß e p- NF-?ß , mimetizando assim alguns eventos bioquímicos e moleculares observados em uma parcela significativa de pacientes depressivos. O pré - tratamento das células com EAA evitou todas as alterações observadas no modelo tipo-depressivo (LPS + KYN), exceto em relação aos marcadores inflamatórios. Embora mais estudos sejam necessários, este trabalho mostra, pela primeira vez, um modelo tipo depressivo in vitro capaz de induzir inflamação, disfunção mitocondrial, estresse oxidativo e apoptose simultaneamente. Este modelo tem potencialidade de uso para buscar um maior entendimento da etiologia da depressão e também para o screening prévio de potenciais novos medicamentos ou suplementos para o tratamento da depressão. [resumo fornecido pelo autor]