Efeitos da combinação de temozolomida e ditelureto de difenila em linhagens celulares de glioblastoma
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Data
2018-10-11Autor
Soldatelli, Jéssica Silveira
Orientador
Henriques, João Antonio Pêgas
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Mostrar registro completoResumo
Os gliomas representam mais de 70% dos tumores cerebrais primários. Os glioblastomas multiformes são gliomas malignos caracterizados por baixa incidência, mas altas taxas de mortalidade. Apesar da responsividade inicial ao tratamento padrão realizado com o quimioterápico alquilante temozolomida (TMZ), poucos foram os avanços para o prognóstico dos pacientes nos últimos 10 anos. Isso deve-se ao fato desses tumores serem raramente passíveis de ressecção cirúrgica e apresentarem alta taxa de recorrência. Além disso, a eficácia de seu tratamento encontra barreiras como efeitos colaterais indesejáveis e resistência quimioterápica. Nesse cenário, a descoberta de novas substâncias que possam atuar com efeito aditivo ou sinérgico e aumentem a sensibilização de células tumorais ao tratamento, torna-se uma estratégia terapêutica no campo da oncologia. O ditelureto de difenila (DTDF) é um composto orgânico contendo telúrio que apresenta interessantes efeitos biológicos in vitro, como antioxidante, quimioprotetivo, citotóxico e antitumoral. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do DTDF e do quimioterápico TMZ, em regimes isolados e em associação. Para tal foram investigados seus efeitos citotóxicos, após exposição aguda e crônica, em culturas celulares de glioma não-resistente (M059J) e resistente à TMZ (GBM). No ensaio de viabilidade celular a TMZ apresentou citotoxicidade para as linhagens celulares testadas, com valor de IC50 maior na linhagem resistente do que quando comparado à linhagem não-resistente. Este dado foi confirmado pelo teste de duplicação cumulativa de população e, também, pela coloração com laranja de acridina, após o tratamento de 120 h, por observar-se um aumento na frequência de células positivas para a formação de organelas vesiculares ácidas em ambas as linhagens, sendo predominantemente em células GBM. Além disso, foi observado que o tratamento associando DTDF e a TMZ apresentou uma maior citotoxicidade quando comparado aos tratamentos isolados, após 120 h de tratamento. Portanto, o DTDF sensibilizou as células ao tratamento com TMZ. Essa sensibilização ocorreu em níveis aproximados para ambas as linhagens, sendo os efeitos do DTDF independentes do perfil de resistência à TMZ. Em conjunto, os dados desse trabalho sugerem o uso do DTDF em associação à TMZ como uma estratégia para reduzir as doses de TMZ empregadas na clínica e diminuir efeitos colaterais aos pacientes em tratamento de glioma