Efeito antinociceptivo e marcadores de estresse oxidativo do extrato enriquecido com alcaloides indólicos ativos das folhas de Tabernaemontana catharinensis
Data
2019-04-10Autor
Pergher, Dáfiner
Orientador
Silva, Sidnei Moura e
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A etnofarmacologia tem sido importante para a identificação de compostos ativos de produtos naturais, principalmente em plantas. A dor pode ter diversas etiologias, com mecanismos complexos, estando correlacionadas com mais diversas patologias. Atividades farmacológicas de Tabernaemontana catharinensis (Apocynaceae) têm sido evidenciadas como: antiofídica, antimicrobiana, antioxidante, antitumoral, bioinseticida, antinflamatória e antinociceptiva. Desta forma, o trabalho apresentou como objetivo a avaliação do potencial antinociceptivo e a modulação do estresse oxidativo do extrato enriquecido em alcaloides indólicos proveniente de folhas de Tabernaemonta catharinensis (AITc), em modelos experimentais de nocicepção, estresse oxidativo e toxicológicos. O extrato de AITc foi obtido por extração com ultrassom seguido por uma extração líquido-líquido, a partir de folhas de T. catharinensis. A composição química do extrato foi determinada por espectrometria de massas de alta resolução. Para os testes in vivo, foram utilizados camundongos machos (Mus musculus) Swiss, sendo o extrato administrado em doses de 1,0, 5,0 e 10,0 mg/kg, nos ensaios: ácido acético, formalina, tail-immersion, placa quente e campo aberto, nos quais foram utilizados grupos controle salina, morfina ou diazepam dependendo do teste a ser realizado. A avaliação histopatológica e de marcadores de estresse oxidativo foi executada através da coleta e avaliação dos órgãos (baço, rins, fígado, cérebro, estômago). Os resultados desse trabalho evidenciaram na caracterização química a presença de 10 alcaloides indólicos da classe ibogan (Ibogamina, Coronaridina e Voacristina); enquanto outros três (Affinisine, Voachalotine e 12-metoxi-Nb-methylvoachalotine), alcaloides pertencentes à classe dos corinanianos. O extrato em doses variando de 5,0 a 10,0 mg/kg, apresentaram efeito antinociceptivo no teste de ácido acético, inibindo em 47,7% e 61,6% respectivamente. No teste de formalina, foi observada uma redução no tempo de lambedura das patas de 47,1% (1º fase) e 43,6% (2º fase) para dose de 5,0 mg/kg. No entanto, os testes tail-immersion e placa quente, não expressaram modificações no período de latência, enquanto no ensaio de campo aberto, não houve alterações na atividade locomotora. O dano oxidativo aos lipídios foi maior no estômago, e uma redução deste parâmetro foi encontrado no cérebro. Não foram observadas diferenças nos níveis de óxido nítrico e no estado antioxidante total em nenhum dos tecidos estudados. Os ensaios toxicológicos, bioquímico e o hemograma, assim como o histopatológico, não mostraram efeitos adversos nas doses administradas. Desta forma, o extrato alcaloidal de T. catharinensis justifica o uso desta planta na medicina popular como analgésico, provavelmente resultado de um mecanismo de ação periférico no entanto mais experimentos serão realizados no intuito de elucidar o mecanismo exato. Esse estudo demonstra que o extrato de AITc, não apresentou toxicidade, garantindo a utilização segura pela população.