Sete espécies de Connaraceae : composição química e potencial efeito biológico para o tratamento do diabetes
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Data
2021-12-07Autor
Paim, Luís Fernando Nunes Alves
Orientador
Silva, Sidnei Moura e
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Connaraceae é uma família de plantas com alto potencial farmacológico, ao nível mundial constatamos que 39 táxons estão associados ao uso tradicional ou possuem relatos científicos acerca da utilização em pesquisas de atividades farmacológicas. Mundialmente, cerca de 200 espécies de Connaraceae foram descritas e entre essas apenas 10 têm sua composição química conhecida. No Brasil essa família de plantas pode ser encontrada nos biomas Caatinga, Cerrado, Floresta Amazônica e Mata Atlântica. O Cerrado e a Mata Atlântica são considerados biomas altamente impactados (hotspots) pela ação antrópica e nestes cerca de metade dos táxons têm seu habitat. Portanto as espécies de Connaraceae endêmicas destas áreas estão mais susceptíveis a extinção. Entre todas as espécies de Connaraceae Agelaea pentagyna, Cnestis ferruginea, Connarus suberosus e Rourea minor têm o mais avançado estágio de desenvolvimento de pesquisas e, portanto, estão mais próximas a dar origem a medicamentos úteis a humanidade. Na utilização etnobotânica as diversas formas de preparação incluem entre outros métodos a decocção, infusão e maceração. Assim, propomos estudar a composição química sobre a ótica qualitativa em quatro espécies do gênero Connarus, incluindo C. blanchetii, C. nodosus, C. regnellii e C. suberosus. Utilizamos a cromatografia líquida associada a espectrometria de massas (CL/EM) e através do estudo dos dados produzidos utilizando plataformas de bioinformática identificamos nessa fase 23 compostos a partir dessas espécies. Do ponto de vista qualitativo a maioria dos metabólitos pode ser identificada frente aos três métodos. Entre os principais compostos associados a essas espécies estão aquercetina, miricetina, guaijaverina, hiperina, miricetrina e querciturona sobre os quais conduzimos uma breve revisão acerca do potencial farmacológico.Na sequência utilizando apenas os extratos obtidos por maceração de C. blanchetii, C. regnellii, C. suberosus e R. glaziouiconduzimos um fracionamento orgânico e evidenciamos que as frações mais polares, acetato de etila e n-butanólica possuem o melhor perfil quantitativo de metabólitos secundários de interesse as atividades que propomos. Assim, buscamos nas frações acetato de etila e n-butanólica estudar o potencial antioxidante. Compostos de origem vegetal têm sido estudados como alternativas para minimizar o estresse oxidativo em pacientes portadores de diabetes, visto que essa é um dos eventos associados a complicações desta doença. Em adição ao potencial antioxidante estudamos o efeito inibitório dos compostos associados a estes extratos em reduzir a glicação proteica pelas vias oxidativa e não oxidativa. Os metabólitos secundários foram estudados via CL/EM e identificados através das plataformas de bioinformática. Os resultados dessa fase apontaram para um melhor desempenho antioxidante para as frações n-butalólica de C. blanchetii, C. regnellii e C. suberosus eacetato de etila/n-butalólica de R. glazioui. Na avaliação da atividade antiglicante para a via oxidativa R. glazioui fração de acetato etilae C. suberosus fração n-butanólica apresentam o melhor desempenho. Para a via não oxidativa R. glazioui fração de acetato etila C. blanchetii fração n-butanólica mostraram-se as mais promissoras. Entre C. blanchetii, C. regnellii, C. suberosus e R. glazioui 29 metabólitos foram identificados. As atividades antioxidantes e antiglicantes observadas podem ser relacionadas com vários compostos presentes nessas espécies entre eles os flavonoides apigenina, quercetina, miricetina e seus derivados. Com isso propomos que essas espécies tem potencial para dar origem a medicamentos úteis no controle das complicações do diabetes. Sequencialmente, conduzimos uma análise da atividade inibitória dos extratos de C. blanchetii, C. nodosus, C. regnellii, C. suberosus, R. cuspidata, R. glazioui e R. induta frente as enzimas (alfa)-amilase e (alfa)-glicosidase. Os resultados obtidos apontam que todas essas espécies se apresentam pouco ativas frente a essas duas enzimas relacionadas com o metabolismo de carboidratos. Frente a essas sete espécies 34 metabólitos secundários foram identificados. Por fim propomos estudar os efeitos tóxicos das frações n-butanólicas de C. suberosus e R. cuspidatae das frações acetato etila e n-butanólica de R. glaziouibem como a habilidade dessas frações em reverter a citotoxicidade celular em células endoteliais. Observamos que nenhuma das espécies apresenta-se tóxica para essas células e que quanto testadas nas concentrações de 10 e 25 µg/mL são capazes de reverter os danos celulares causados pela alta concentração de glicose. Portanto, concluímos que essas espécies de Connaraceae podem ser úteis no controle de muitas das complicações do diabetes. Adicionamos 4 novas espécies dentre elas C. blanchetii, C. nodosus, C. regnellii e R. glazioui ao rol dos táxons de Connaraceae com constituição química estabelecida e revelamos o potencial farmacológico dessas espécies como promissoras no controle das complicações do Diabetes a comunidade científica. [resumo fornecido pelo autor]