Avaliação do estresse oxidativo, genotoxicidade e mutagenicidade em trabalhadores expostos a tintas
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Data
2014-05-29Autor
Cassini, Carina
Orientador
Salvador, Mirian
Metadata
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A exposição a tintas, as quais contêm solventes orgânicos e metais, pode levar a danos no DNA e formação de espécies reativas (ER), que podem lesar diversas classes de moléculas. Em vista disso, este trabalho teve como objetivo avaliar possíveis danos oxidativos, genotóxicos e mutagênicos em 33 indivíduos, do sexo masculino, ocupacionalmente expostos a tintas há, no mínimo, 6 meses. Para o grupo controle, foram selecionados 29 indivíduos saudáveis, não expostos a tintas, pareados em idade com o grupo exposto. A fim de verificar a influência do descanso do fim de semana, foram realizadas coletas na segunda-feira pela manhã e na sexta-feira ao final da jornada de trabalho. Os danos oxidativos foram avaliados pelos produtos de reação com o ácido tiobarbitúrico (TBARS), proteínas carboniladas (PC) e atividade das enzimas antioxidantes superóxido dismutase (Sod) e catalase (Cat). Foram medidos, ainda, o ácido hipúrico (AH) e o ácido deltaaminolevulínico (ALA), marcadores urinários de exposição ao tolueno e ao chumbo, respectivamente. A genotoxicidade foi avaliada pelo ensaio cometa (em sangue periférico) e pelo teste de micronúcleos (MN) (em linfócitos e células da mucosa bucal). Não foi observado aumento significativo nos níveis de TBARS no grupo exposto quando comparado ao grupo controle. Entretanto, verificou-se, neste grupo, um maior índice de danos aos lipídeos nas amostras coletadas na sexta-feira comparado com as amostras coletadas na segunda-feira (p = 0,008; z = -2,637). Ao final da semana (amostras coletadas na sexta-feira), os indivíduos expostos a tintas apresentaram mais danos às proteínas em comparação com o grupo controle (p = 0,032; z = -2,14). Observou-se também, que os trabalhadores expostos a tintas tiveram uma diminuição nas atividades de Sod (p = 0,003; z = 2,935) e Cat (p = 0,025; z = -2,247) nas amostras de segunda-feira, bem como valores mais elevados de AH (p = 0,010; z = - 2,591) e de ALA (p = 0,000; z = -4,487). A exposição a tintas induziu um aumento significativo dos danos ao DNA (principalmente classes um e dois), tanto nas amostras coletadas na segunda (p = 0,000; z = - 5,356) quanto nas de sexta-feira (p = 0,000; z = -6,456). Apesar de não ter sido encontrado um aumento na frequência de MN em linfócitos ou em células da mucosa bucal no grupo exposto, observou-se um aumento de nuclear buds (NBUDs) (segunda-feira, p = 0,004, z = - 2,894), uma diminuição do índice de divisão nuclear (IDN) (sexta-feira, p = 0,000, z = -4,78) nos linfócitos e um aumento na frequência de células com cromatina condensada nas células da mucosa bucal (segunda-feira, p = 0,000, z = -4,503; sexta-feira, p = 0,000, z = -5,203), indicativo de amplificação gênica e indução de mecanismos apoptóticos nestas células. Observou-se uma correlação positiva entre o índice de danos no DNA (ensaio cometa) e o tempo de exposição a tintas (r = 0,376; p = 0,031), assim como entre o tempo diário de exposição a tintas e a frequência de micronúcleos (segunda-feira, r = 0,450; p = 0,018) e de NBUDs (sexta-feira, (r = 0,402; p = 0,038) nos indivíduos expostos. Embora outros estudos sejam necessários, esses resultados mostram que a exposição ocupacional a tintas pode induzir um aumento de danos no DNA, os quais parecem estar sendo reparados durante o descanso do final de semana.