Obtenção e análise de óleo e compostos fenólicos de sementes de diferentes variedades de uva (Vitis vinifera e Vitis labrusca) cultivadas no Rio Grande do Sul
Fecha
2014-06-17Autor
Agostini, Fabiana
Orientador
Vanderlinde, Regina
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
O Brasil, por ser um país de grande atividade agrícola, é um dos que mais produzem resíduos
agroindustriais e por isso, a busca de alternativas para a utilização da matéria orgânica gerada
vem crescendo. O crescimento esperado da área vitivinícola aumentará o volume de resíduos e o
conseqüente acúmulo de subprodutos provavelmente se tornará um grave problema ambiental.
Estes resíduos são geralmente queimados, embora sejam por vezes usados como fertilizante ou
para alimentar o gado, porém, as sementes contêm uma variedade de substâncias biologicamente
ativas que são desperdiçadas, tais como compostos fenólicos, ácidos graxos e tocoferol. Estes
compostos contribuem para o tratamento e prevenção de doenças cardiovasculares, além de
atuarem contra a oxidação da LDL. Em vista disso, o principal objetivo deste estudo foi realizar a
extração do óleo e de um extrato contendo compostos fenólicos de sementes de uva provenientes
de resíduos de vinificação, utilizando as tecnologias de extração com dióxido de carbono
supercrítico e extração contínua a quente em extrator Soxhlet. Foram selecionados resíduos das
espécies Vitis labrusca (variedades Bordô e Isabel) e Vitis vinifera (variedades Cabernet
Sauvignon, Merlot e Moscato Giallo), safras 2005 e 2006, provenientes de vinícolas de Caxias do
Sul. As extrações em Soxhlet foram realizadas com hexano por 6 horas para o óleo e com etanol
70% por 8 horas para o extrato. As extrações com CO2 supercrítico foram realizadas com
temperatura de 80°C, vazão de CO2 de 69g/min, pressão de 250bar e 1 hora de extração para o
óleo. Para o extrato utilizou-se temperatura de 60°C, vazão de CO2 de 76g/min, pressão de
225bar, 3% de cossolvente etanol e 1 hora de extração. Os compostos extraídos foram avaliados
por cromatografia gasosa e líquida, além do uso de métodos espectrofotométricos. Observou-se
que no geral, as variedades de Vitis labrusca, Bordô e Isabel apresentaram concentrações mais
elevadas de ácidos graxos em relação às variedades Cabernet Sauvignon, Merlot e Moscato Giallo (Vitis vinifera), demonstrando o grande potencial destas variedades mais rústicas, que
ainda é pouco explorado. Já, as variedades de V. vinifera apresentaram maiores concentrações de
compostos fenólicos quando comparadas às variedades de V. labrusca. Com relação aos métodos
extrativos, a extração supercrítica do óleo de sementes de uva mostrou-se bastante semelhante à
extração em Soxhlet, com a vantagem da ausência de solventes orgânicos durante o processo e
menor tempo de extração, sendo um promissor método extrativo para óleo de sementes de uva
das variedades testadas. Para extrato rico em compostos fenólicos, o melhor método extrativo foi
a extração contínua a quente em extrator Soxhlet. Em geral, a safra de 2006 apresentou as
maiores concentrações dos compostos avaliados quando comparada à safra de 2005. Os dados
experimentais sugerem como fonte alternativa de compostos fenólicos, α-tocoferol e ácidos
graxos, a utilização da biomassa residual da indústria vitivinícola, abrindo espaço para uma série
de perspectivas de sua exploração, principalmente na indústria de fitoterápicos, cosméticos e de
alimentos.