Virulência de Nomuraea rileyi (Farlow) Samson e sua relação com a estrutura e composição cuticular de lavar de lepidópteros-praga
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Data
2014-06-17Autor
Fronza, Edegar
Orientador
Barros, Neiva Monteiro de
Specht, Alexandre
Heinzen, Horácio
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Nomuraea rileyi é um entomofungo que infecta principalmente lepidópteros representantes da
superfamília Noctuoidea, que inclui pragas-chave de diversas culturas de grande importância
econômica. No entanto, a susceptibilidade das espécies a este agente é variável, mesmo entre
representantes da mesma família e até de mesmo gênero. Um dos fatores responsáveis por esta
susceptibilidade diferenciada pode ser a composição lipídica da cutícula larval. O objetivo deste
estudo foi avaliar a estrutura e composição cuticular de larvas de lepidópteros e sua relação com a
susceptibilidade a N. rileyi. Foram utilizadas as espécies Anticarsia gemmatalis, Mythimna sequax,
Rachiplusia nu e Spodoptera cosmioides e duas linhagens do fungo (CH87551 e UB93150). Larvas
de segundo instar foram obtidas a partir da criação massal no Laboratório de Controle de Pragas da
Universidade de Caxias do Sul e submetidas a suspensões de 107, 108 e 109 conídios/mL por 24
horas e após, transferidas para recipientes de 200mL contendo dietas artificiais específicas. Os
bioensaios foram mantidos em condições controladas e avaliados diariamente por 14 dias. Para
análise da composição lipídica cuticular, exúvias oriundas da metamorfose larval-pupal foram
submetidas à extração com hexano e posteriormente à diclorometano-metanol. Para obtenção das
exúvias de M. sequax, as larvas foram alimentadas com Lolium multiflorum. Os extratos obtidos
foram analisados por cromatografia de camada delgada e seus componentes separados por
cromatografia em coluna aberta, cujas frações resultantes foram analisadas por cromatografia
gasosa acoplada a detector de massas (GCMS). Imagens de microscopia eletrônica de varredura
(MEV) foram obtidas de larvas de segundo ínstar de cada espécie, submetidas uma suspensão de
108 conídios/mL e analisadas 24, 48 e 72 horas após a exposição ao patógeno. Os resultados
demonstraram que as espécies avaliadas foram diferentemente afetadas por N. rileyi e, mesmo pelas
diferentes linhagens avaliadas. A CL50 (log dose) obtida com as linhagens CH e UB foi de 6,73 e
7,97 para A. gemmatalis e 8,26 e 9,16 para R. nu respectivamente. S. cosmioides foi susceptível
apenas à linhagem UB, porém a taxa de mortalidade foi de apenas 11,5% na maior concentração e
M. sequax não foi susceptível a nenhuma das linhagens avaliadas. A composição lipídica cuticular
apresentou diferenças quali-quantitativas entre as larvas. Os principais componentes identificados
em A gemmatalis, M. sequax e R nu foram hidrocarbonetos, respondendo por 72,3, 74,5 e 83,6%
respectivamente, com menor diversidade de compostos para M. sequax. Ácidos graxos lineares e
ramificados (C14 a C20) foram identificados, com diferentes composições em cada uma das espécies.
Identificou-se um aldeído e um álcool graxo em A. gemmatalis e outro aldeído graxo em R. nu. Em
S. cosmioides, o componente majoritário identificado foi vitamina E, com mais de 70%. Nas
imagens de MEV foi possível observar conídios de N. rileyi aderidos à superfície cuticular das
quatro espécies avaliadas, especialmente na região abdominal e nos pseudopodes, mesmo depois de
48 horas após contato, sobretudo em S. cosmioides e M. sequax, espécies nas quais muitos dos
conídios visualizados apresentaram tubo germinativo crescendo paralelamente à superfície. As
espécies que se mostraram mais susceptíveis nestes bioensaios foram as que apresentaram, além de
grandes quantidades de alcanos, as maiores diversidades destes compostos. As espécies menos
susceptíveis apresentaram pouca quantidade e/ou variedade de alcanos ou ainda algum composto
antioxidante, como no caso da vitamina E. Os resultados obtidos sugerem que, além das diferenças
na composição lipídica e na estrutura cuticular das larvas, a variabilidade de N. rileyi pode estar
relacionada à susceptibilidade diferenciada observada nas espécies, no entanto o potencial de uso
deste agente como ferramenta no manejo integrado de pragas é considerável e precisa ser mais bem
compreendido e explorado.