Os saberes das crianças de quatro a cinco anos na prática pedagógica docente (Bento Gonçalves/RS)
Mostra/ Apri
Data
2018-03-29Autore
Silveira, Ana Paula
Orientador
Souza, José Edimar de
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Esta dissertação tem como tema “Os saberes das crianças de quatro a cinco anos na prática pedagógica docente”. O objetivo geral foi analisar os modos como os saberes das crianças de quatro a cinco anos são contextualizados nas práticas pedagógicas docentes a partir da realidade de uma escola de Educação Infantil do município gaúcho de Bento Gonçalves/RS. Por tratar-se de um estudo de caso, a pesquisa discute e conceitua infância e o modo como os saberes das crianças sujeitos da pesquisa contribuem para a construção de conhecimento. A empiria foi produzida a partir do resultado de entrevistas com professoras e observações registradas no diário de campo, por meio do acompanhamento de aulas ministradas pelas mesmas professoras entrevistadas. Teóricos como Ariès (1978) e Kuhlmann Júnior (1998) destacam como a infância foi adquirindo sentido e significado, constituindo-se em uma etapa significativa para o desenvolvimento humano. Para conceituar os saberes e as práticas pedagógicas, apoiou-se em teóricos que ressaltam a importante questão da formação docente e da necessidade de sua inovação. Para a análise documental da empiria computada, optou-se pela perspectiva cultural, dessa forma, o viés crítico social de Vygotsky também foi importante para compreender o desenvolvimento da linguagem e o brincar nesta etapa de vida das crianças. No tratamento da análise, identificou-se uma evolução no município, a partir da década de 1980, acompanhando as legislações e orientações nacionais que reorganizaram a forma de atendimento à criança. Na contemporaneidade, a partir das Diretrizes para Educação Infantil, este sentido é ampliado e percebem-se as potencialidades do trabalho docente e da sua relevância para a continuidade dos estudos sobre as crianças, sendo uma etapa da escolarização fundamental para o pleno desenvolvimento. Aspectos do Projeto Político Pedagógico e do Regimento da instituição e a empiria organizada a partir das entrevistas e observações contribuíram para ampliar a identificação do modo como os saberes evidenciam-se no planejamento docente, no momento da ludicidade, da roda de conversas e da sintetização dos conhecimentos construídos no espaço escolar. Na análise dos dados, foi possível perceber que as docentes ressaltam a falta de cursos de aperfeiçoamento no que diz respeito às mudanças educacionais, tanto para professores quanto para atendentes. O trabalho com os projetos e contextualização dos saberes ainda é algo novo, que exige dos professores alterações no modo de pensar e agir, principalmente porque na prática precisam desenvolver a sua escuta para que, aos poucos, identifiquem, nas diferentes linguagens das crianças, os saberes. Embora exista certo receio por parte das professoras em “escutar” as crianças para organizar o planejamento em função dos saberes, elas estão dispostas a mudar concepções tradicionais, buscar novas ideias e novas maneiras de trabalhar com as crianças em formação. Um dos pontos positivos evidente nas entrevistas foi que as docentes já possuem o entendimento de que a quantidade de atividades realizadas em folha de papel, por vezes, pode ser substituída por brincadeiras e outras atividades lúdicas, que também ampliam a aprendizagem. Identificou-se que, mesmo diante de uma insegurança, talvez pelo pouco tempo para realizarem um planejamento de trabalho coletivo ou pela falta de cursos de aperfeiçoamento, a tentativa das professoras em articular as atividades, de modo a fazer uso dos saberes que são trazidos pelas crianças para a ação pedagógica, existe e caracteriza-se como momento em que ocorre a estimulação para a participação da criança na estruturação do fazer didático. Acredita-se que a possibilidade de vislumbrar o avanço nas práticas pedagógicas é algo viável, dentro da percepção de que muito já se despertou para o novo contexto escolar e para o perfil do aluno desta época.