Memórias e práticas do ensino de música no Grupo Escolar Farroupilha/RS (1938-1945)
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Data
2019-03-06Autor
Santos, Deise da Silva
Orientador
Souza, Edimar de
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A pesquisa buscou produzir uma narrativa do ensino de música do Grupo Escolar Farroupilha, entre os anos de 1938 e 1945, considerando práticas e culturas evidenciadas em fontes documentais e fotográficas, provenientes de acervos públicos e também particulares, além da produção da empiria das narrativas de cinco ex-alunos. Dessa forma, a metodologia empregada é a História Oral com análise documental. O recorte temporal do estudo é de 1938, ano em que é inaugurado um novo prédio da instituição, até 1945, quando o Estado Novo termina. Possuindo caráter histórico, a escrita é desenvolvida tendo por orientação epistemológica a História Cultural. Os pressupostos teórico-metodológicos que orientaram a análise foram especialmente as contribuições dos historiadores Chartier (2009; 2002; 1990), Burke (2008), Pesavento (2008) Barros (2003), entre outros. A instituição pesquisada está inserida em um contexto de imigração italiana, dessa forma, o estudo aponta como as políticas impostas pelo governo durante o período do Estado Novo influenciaram no cotidiano escolar desta instituição. A formação das professoras do Grupo Escolar Farroupilha também foi analisada, através de paralelos entre o ensino musical desenvolvido na Escola Complementar de Caxias e o trabalho realizado pelas professoras. Através da trajetória das docentes de música que atuavam naquela instituição, foi identificado o alcance do projeto do Canto Orfeônico no interior do RS, pois as professoras receberam formação em cursos ofertados em São Paulo pela Superintendência de Educação Musical e Artística. As representações encontradas traduzem que o canto realizado na instituição, a princípio, era interpretado sem acompanhamento instrumental, sendo realizado a capella. A interpretação das canções também não empregava arranjos vocais que exigissem tanta técnica, sendo que os indícios apontam na grande maioria das vezes eram realizadas em uníssono. As práticas de ensino musical identificadas estiveram relacionadas especialmente com contexto das festividades, através de números musicais envolvendo o canto e bailados. Evidenciou-se a inculcação de um padrão civilizador e a tentativa de moldar um cidadão pronto para servir a Pátria pelas canções de teor patriótica e os hinos. Tal perspectiva de ensino se aproximava dos pressupostos estipulados por Villa-Lobos no Canto Orfeônico, disciplina que é implantada na educação básica em âmbito nacional, que visava especialmente o canto coral, considerada como meio de formação moral e intelectual, além de ser uma das maneiras mais competentes de trabalhar o patriotismo no povo. Dessa forma, embora a pesquisa tenha um enfoque local, o estudo traz aspectos de como o projeto alcança o Rio Grande do Sul, onde o ensino musical é implantado, através da legislação, com o objetivo de prática vocal.