Efeito do resveratrol e do ácido ascórbico na criopreservação de sêmen humano
Fecha
2014-06-17Autor
Garcez, Márcia Esteves Silva
Orientador
Salvador, Mirian
Erdtmann, Bernardo
Pasqualotto, Fábio Firmbach
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
A criopreservação de sêmen humano é de grande importância para a medicina
reprodutiva, porém esse processo pode causar danos ao espermatozóide devido, entre outros
aspectos, à produção de espécies reativas de oxigênio, as quais podem lesar as biomoléculas.
Tanto o resveratrol quanto o ácido ascórbico são compostos com reconhecida capacidade
antioxidante, porém ainda pouco estudados em relação à prevenção de criodanos em
espermatozóides humanos. Desta forma, o objetivo deste estudo foi analisar marcadores de
danos oxidativos e parâmetros seminais antes e após a criopreservação de sêmen humano em
presença e ausência de resveratrol e ácido ascórbico. Foram analisadas amostras de sêmen de
20 homens inférteis e 10 doadores com fertilidade comprovada. Indivíduos com
azoospermia(ausência de espermatozoides), leucocitospermia (aumento da contagem de
leucócitos seminais) ou sob uso de suplementação antioxidante foram excluídos do estudo. Os
marcadores de estresse oxidativo incluíram a avaliação dos produtos reativos ao ácido
tiobarbitúrico (TBARS) e a atividade das enzimas superóxido dismutase (Sod) e catalase
(Cat). Os danos ao DNA foram quantificados pelo ensaio Cometa. Após a análise seminal
padrão as amostras foram divididas em alíquotas, quais sejam: sem a adição de antioxidantes
(controle), com 0,1 mM, 1,0 mM, e 10,0 mM de resveratrol e 10,0 mM de ácido ascórbico.
Após uma hora de incubação as alíquotas foram criopreservadas em nitrogênio líquido a -
196°C, empregando-se o TEST-Yolk buffer como agente crioprotetor. Paralelamente, foram avaliados, ainda, os parâmetros séricos para TBARS, Sod, Cat e níveis de ácido úrico em
homens inférteis e férteis. Os resultados mostraram que o uso de ácido ascórbico e resveratrol
não causou nenhuma alteração na concentração e morfologia dos espermatozóides, porém
nenhum dos antioxidantes foi capaz de prevenir a diminuição da motilidade induzida pelo
processo de criopreservação. A criopreservação induziu uma diminuição na atividade da Sod
em indivíduos inférteis e um aumento nos níveis de TBARS nas amostras de homens férteis e
inférteis. Observou-se uma correlação negativa entre motilidade espermática e os valores de
TBARS em homens inférteis, tanto em amostras pré-congelamento (-0,868, p<0,05) quanto
em amostras pós-congelamento (-0,897, p<0,05). A adição de resveratrol às amostras,
previamente ao processo de criopreservação, preveniu a diminuição da atividade da Sod em
indivíduos inférteis e diminuiu os níveis de TBARS tanto em homens férteis como em
inférteis. O ácido ascórbico foi capaz de minimizar os danos oxidativos a lipídios causados
pela criopreservação, porém somente em sêmen de homens inférteis. Observou-se ainda que a
criopreservação induziu um significativo aumento de danos ao DNA (principalmente dos
tipos 2, 3 e 4) em homens férteis e inférteis. A adição de ácido ascórbico ao espermatozóide
reduziu os danos ao DNA em homens inférteis, mas não em homens férteis. Por outro lado, o
resveratrol foi capaz de reduzir os danos ao DNA tanto em homens férteis como em inférteis.
Salienta-se, ainda, que o uso de 10,0mM de resveratrol foi capaz de evitar todos os danos ao
DNA induzidos pela criopreservação em homens inférteis. Observou-se, também, que os
indivíduos inférteis apresentaram níveis séricos mais elevados de TBARS, ácido úrico e
atividade de Sod. Embora outros estudos sejam necessários, os dados apresentados neste
trabalho indicam a possibilidade da utilização do resveratrol e ácido ascórbico em
procedimentos de criopreservação de sêmen humano, principalmente naqueles onde a motilidade não seja essencial para ocorrer a fecundação como, por exemplo, a ICSI (injeção
intracitoplasmática de espermatozóide).